"Um verdadeiro líder conhece as suas fraquezas, pede ajuda e ouve a sua equipa"

por Catarina Marques Rodrigues, Pedro A. Pina (imagem) - RTP
Quanto mais diversa for uma equipa, melhor, sentenciam Isabelle Pujot e Solat Chaudhry Pedro A. Pina - RTP

Estar atento aos funcionários, pedir opiniões, tirar o melhor de cada um. Isabelle Pujol e Solat Chaudhry, especialistas em diversidade e inclusão, dão estratégias em entrevista à RTP.

Quanto mais diversa for uma equipa, melhor, sentenciam Isabelle Pujot e Solat Chaudhry. Os especialistas em Diversidade e Inclusão estiveram em Portugal no 1.º Fórum Nacional para a Diversidade. Ela é diretora de uma consultora que ajuda as empresas a desenharem uma estratégia para serem mais inclusivas com as equipas. Ele é diretor do Centro Nacional para a Diversidade do Reino Unido, que desempenha o mesmo papel. Em entrevista à RTP, ambos apontam erros que vêm diariamente e sugerem soluções.

Isabelle chama-lhe "micro-comportamentos". Aqueles que os diretores, quando entrevistados, não identificam - mas que fazem parte da rotina e que criam sensações negativas nos funcionários. "Se eu a cumprimento com um aperto de mão enquanto olho para outra pessoa, ou enquanto olho para o relógio, isso vai ser recebido de uma forma negativa. Porque não estou focada em si, estou a pensar naquilo que tenho para fazer", exemplifica.

O que se diz - e como se diz - também conta. "A forma como dizemos as coisas tem mais impacto do que o conteúdo. Por exemplo, se eu disser: "A sua ideia é maravilhosa, MAS..." é diferente de dizer: "A sua ideia é maravilhosa, e o que é que acha se experimentarmos isto...?". O tom que se dá contribui para a performance e motivação dos outros", afiança.

É preciso ter inteligência emocional, garante o especialista britânico. "Eu tive de ir trabalhar esta manhã, mesmo que ontem à noite tenha tido uma discussão brutal com a minha mulher. Mesmo que esteja com problemas com os meus pais, problemas em casa, com as crianças. O meu chefe não sabe. Mas tudo isso me influencia".

A chave é, por isso, dedicar tempo a falar com as pessoas, a querer saber mais, a mostrar preocupação. "Os diretores têm de conhecer os seus empregados. Se querem tirar o melhor da sua equipa, têm de conhecer bem cada elemento. Saber o que gostam, onde se sentem melhor, perceber onde está o talento. Fazer isto leva a mais produtividade, logo, mais lucro. A inclusão é essencial para o sucesso do negócio", aponta Solat Chaudhry.

Trata-se, no fundo, de humanizar o trabalho. "Não somos máquinas, somos seres humanos. E as decisões que fazemos são baseadas em emoções. Por exemplo, imagine que quer fazer uma coisa, fez imensa pesquisa, decide avançar, mas um amigo seu diz: Não faças isso. Não vás. Nesse momento, toda a pesquisa que fez vai por água abaixo. Porque confia naquela pessoa. Mesmo que toda a sua pesquisa lhe diga que é seguro".

Para Isabelle Pujol, ser ou não ser autêntico é a diferença entre dar todo o talento à empresa ou deixá-lo à porta. E ser autêntico traduz-se tanto na forma de vestir como na abertura para falar. "Se as pessoas estão numa equipa em que precisam de pôr uma máscara ou de pôr um uniforme para serem outra coisa, estão a perder a beleza toda que podem dar à empresa. O potencial é desperdiçado. E com o tempo, vão começar a ficar frustradas e infelizes. Porque não podem ser elas próprias. E se estiverem infelizes, vão fazer o trabalho das 9h00 às 17h00 sem dar ideias diferentes, sem motivação. Um desperdício".
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