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Ministro espanhol da Indústria demite-se na sequência dos Panama Papers

por Ana Sofia Rodrigues - RTP
“Transmiti a decisão irrevogável de apresentar a demissão”, escreveu o ministro cessante Andrea Comas - Reuters

O anúncio foi feito esta sexta-feira em comunicado. José Manuel Soria é um dos nomes que aparece nos documentos do Panamá. Depois de na véspera terem sido conhecidos novos dados sobre a sua alegada participação em empresas de paraísos fiscais, José Manuel Soria demitiu-se dos cargos de ministro, deputado e presidente do Partido Popular da sua região.

“Transmiti a decisão irrevogável de apresentar a demissão”, escreveu o ministro cessante, depois de uma conversa com o presidente do Governo espanhol e “tendo em conta o dano evidente que esta situação causa ao Governo e ao Partido Popular” de Mariano Rajoy.

No comunicado, José Manuel Soria assume erros.

"À luz da sucessão de erros cometidos ao longo dos últimos dias, em relação às minhas explicações das atividades empresariais anteriores à minha entrada na política em 1995, devidos à falta de informação precisa sobre factos que ocorreram há mais de vinte anos; sem prejuízo de que nenhuma dessas atividades empresariais teve qualquer relação ou vínculo com o exercício de responsabilidades políticas" - excertos da declaração que justifica a demissão.

“A política é uma atividade que deve ser a todo o momento exemplar também na pedagogia e nas explicações. Quando isso não acontece, devem assumir-se as responsabilidades correspondentes”, afirma Soria.

Soria era ministro da Indústria, Energia e Turismo desde 21 de dezembro de 2015.
Soria e os Panama Papers
O ministro deveria ir ao Parlamento espanhol no início da próxima semana para prestar esclarecimentos sobre o seu alegado envolvimento numa firma offshore nas Bahamas, revelada no início da semana pela investigação jornalística Panama Papers, que em Espanha tem sido apresentada pelas publicações El Confidencial e La Sexta.

O ministro tinha vindo a negar qualquer relação com esta empresa ou com qualquer outra companhia num paraíso fiscal. Ontem, no entanto, a comunicação social espanhola dava conta do seu alegado envolvimento numa outra empresa em offshore, com base na ilha de Jersey, até 2002, altura em que ainda era alcaide de Las Palmas. Revelações que deixaram o ministro numa situação limite.

O ministro ficou contra as cordas, até porque tanto Soria como o próprio PP tinham vindo a reclamar que não estava presente em nenhuma companhia opaca, como refere o espanhol El Pais.Quarta-feira, era anunciado que na próxima semana, Soria iria ao Parlamento.

Nesta última semana, o ministro foi tropeçando de explicação em explicação, entrecortadas por novos dados apresentados pela comunicação social que iam, alegadamente, contrariando as suas afirmações.

De início afirmou categoricamente: “É completamente falso que tenha tido qualquer relação com qualquer companhia ou negócio baseado no Panamá, nas Bahamas ou em qualquer outro paraíso fiscal”.

Argumentou sempre com “erros” nas informações apresentadas.

José Manuel Soria é o segundo governante a abandonar funções na sequência do escândalo dos Panama Papers. No início do mês, o primeiro-ministro da Islândia apresentou a demissão depois de revelados documentos sobre a sua participação numa empresa offshore.
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