Açores/Eleições "Derrube de governo minoritário" é "possível a todo o tempo"

por Lusa
Lusa

O antigo presidente do Governo dos Açores Mota Amaral considerou hoje que o "derrube de um governo minoritário" é "sempre possível a todo o tempo", a propósito dos resultados das eleições regionais do passado domingo.

Num artigo publicado na imprensa regional, intitulado "Cenários pós-eleitorais`, o presidente honorário do PSD/Açores salienta que a "dinâmica vitoriosa" que o PSD demonstrou nas eleições deverá "ser preservada e consolidada", "valorizando o diálogo parlamentar" e definindo as "opções do Orçamento".

"O derrube de um governo minoritário ou que perca a maioria parlamentar de apoio é sempre possível a todo o tempo, bem como a realização de eleições antecipadas", escreve João Mota Amaral.

O presidente do Governo Regional de 1976 a 1995 salienta que o PS "perdeu deputados, perdeu votos e perdeu percentagem", e "considerou isso uma grande vitória".

"Pelos vistos, estavam à espera de que o resultado das eleições fosse muito pior. Não se percebe a razão por que o presidente [do PS] Carlos César, tendo sido anunciado como indo falar em nome do PS nacional, foi substituído por António Costa", assinala, referindo-se aos discursos na noite eleitoral.

Sobre os cenários pós-eleitorais, Mota Amaral indica a possibilidade de uma coligação entre PSD e PS, que, ressalva, não é "muito provável", porque o PS "perderia muito poder" e o PSD "não deve estar muito interessado em comprometer-se com as medidas necessárias ao saneamento das finanças públicas".

"Irá o PS tentar seduzir o CDS, seu companheiro de jornada em tantos orçamentos anteriores, para um acordo? É possível, mas não é suficiente para a almejada maioria parlamentar. Teria de se adicionar então o PAN", afirma.

A outra alternativa, diz o antigo líder regional, seria uma coligação à direita encabeçada pelo PSD/Açores, presidido por José Manuel Bolieiro.

"A liderança de José Manuel Bolieiro numa alternativa de governo iria colocá-lo, em importantes matérias financeiras e de relacionamento europeu, à mercê do governo António Costa/César, os quais, como se costuma dizer, não são propriamente de deitar `água a pintos`", aponta.

Nas eleições regionais de domingo, o PS perdeu a maioria absoluta nos Açores, só tendo conseguido eleger 25 deputados do total de 57 parlamentares da Assembleia Legislativa Regional, com 40.701 votos (39,13%).

O PSD, com 33,74% (35.091 votos), garantiu 21 mandatos, seguido pelo CDS-PP com 5,51% (5.734 votos), que elegeu três deputados, além de um parlamentar em coligação com o PPM (com 115 votos).

O Chega, que teve 5,06% (5.260 votos), elegeu dois deputados, tal como o BE, que alcançou 3,81% (3.962 votos).

O PPM obteve 2,34% (2.431 votos) e elegeu um deputado, além de um outro eleito em coligação com o CDS-PP. A Iniciativa Liberal e o PAN conseguiram 1,93% dos votos, elegendo um deputado cada.

Apesar de ter vencido as legislativas, em números absolutos o PS perdeu 2.573 votos em relação a 2016, enquanto o PSD, o segundo mais votado, cresceu, tendo obtido mais 6.301 votos do que há quatro anos.

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