Alegre adverte que influência governativa do Chega criará grave problema com África

por Lusa

O histórico socialista Manuel Alegre questionou hoje como seriam as relações com os países africanos se Portugal tivesse um Governo com influência do Chega e considerou triste que o PSD "ultrapasse esta linha vermelha" com a extrema-direita.

Manuel Alegre, resistente antifascista, deixou estas advertências na primeira parte do discurso que proferiu no comício de Lisboa, no pavilhão Carlos Lopes, numa intervenção que antecedeu a do secretário-geral do PS, António Costa.

Perante os apoiantes socialistas, o escritor e antigo candidato presidencial atacou os discípulos da Escola de Chicago, numa alusão à Iniciativa Liberal, mas visou sobretudo as supostas relações entre o PSD e Chega.

"Há tentativas de desconstrução da democracia dentro da própria democracia, e há formas de radicalismo e intolerância. Que sentido faria termos um Governo influenciado por um partido racista e xenófobo? O que diriam os nossos parceiros da União Europeia?".

Mas Manuel Alegre foi mais longe nesta sequência de questões.

"E como seriam as relações com os países africanos com um Governo influenciado por um senhor que trata como bandidos os moradores negros dos bairros sociais?", questionou, recebendo uma prolongada ovação.

Para o antigo candidato presidencial, a aceitação do Chega "é uma linha vermelha que não se deveria passar no Portugal democrático", adiantando que, com António Costa e com o PS, "não passa".

"Mas com o PSD de Rui Rio já está a passar -- e isso é uma tristeza para a nossa democracia. O 25 de Abril de 1974 fez-se para derrubar o fascismo, não para que no Portugal democrático possa haver um Governo apoiado ou influenciado por forças da extrema-direita", acrescentou.

pub