O secretário-geral do Partido Socialista (PS), António Costa, acusou na última noite a oposição de "brincar com o fogo" ao aprovar, no parlamento, a recuperação do tempo total de serviço dos professores no período em que houve congelamento de progressões.
Ao discursar em Coimbra, num jantar comício com cerca de 1.500 autarcas socialistas de todo o país, o líder do PS salientou que o Governo a que preside "nunca prometeu o que não podia fazer" e tem de dar "cada passo com segurança".
O secretário-geral garantiu que se o PS "continuar neste caminho, com determinação e segurança, os salários e as pensões continuarão a subir e os impostos continuarão a baixar".
"Se alguém acha que este ano, por haver três atos eleitorais, vamos ceder ao facilitismo, à demagogia e ao eleitoralismo, pois podem tirar o cavalinho da chuva, porque chegaremos ao último dia da mesma forma que entrámos: de cabeça levantada e determinada a cumprir e a honrar os nossos compromissos", assegurou.
Primeiro-ministro avisou o Presidente
O primeiro-ministro revelou ainda que já comunicou ao Presidente da República que o Governo se demite caso a contabilização total do tempo de serviço dos professores seja aprovada em votação final global."Ao Governo cumpre garantir a confiança dos portugueses nos compromissos que assumimos e a credibilidade externa do país. Nestas condições, entendi ser meu dever de lealdade institucional informar o Presidente da República (Marcelo Rebelo de Sousa) e o presidente da Assembleia da República (Ferro Rodrigues) que a aprovação em votação final global desta iniciativa parlamentar forçará o Governo a apresentar a sua demissão", declarou.
Esta advertência foi feita por António Costa numa declaração ao país, na sexta-feira ao final da tarde, depois de ter estado reunido cerca de 40 minutos com o Presidente da República, na sequência da crise política aberta com a aprovação pelo parlamento, apenas com os votos contra do PS, da recuperação do tempo total de serviço dos professores no período em que houve congelamento de progressões.
Reações partidárias
O Partido Aliança condenou na última noite noite o que diz ser o ""oportunismo eleitoralista do casamento" entre o PSD, CDS e a "extrema-esquerda".
Em comunicado aquele partido defendeu que "o país e a democracia só têm a ganhar" se o Governo avançar para a demissão.
Já o Partido Livre considerou que uma eventual demissão do Governo seria um "enorme falhanço da esquerda parlamentar" por não conseguir terminar o mandato.
Em comunicado o “Livre” deixa ainda críticas a PSD e CDS-PP, acusando-os de um "comportamento hipócrita e eleitoralista", e que vai em "sentido contrário" às práticas e propostas de ambos.
Quanto aos partidos com assento parlamentar os de esquerda garantem que vão manter o voto favorável à contagem do tempo de serviço dos professores.
À direita os partidos acusam o primeiro-ministro de faltar à verdade.