António Costa diz que oposição está a "brincar com o fogo"

por Mário Aleixo - RTP
António Costa falou em Coimbra para militantes socialistas Paulo Novais/Lusa

O secretário-geral do Partido Socialista (PS), António Costa, acusou na última noite a oposição de "brincar com o fogo" ao aprovar, no parlamento, a recuperação do tempo total de serviço dos professores no período em que houve congelamento de progressões.

"É extraordinário que agora que conseguimos ter o défice mais baixo da nossa democracia, que estamos a reduzir finalmente a dívida pública do país, que temos a mais baixa taxa de desemprego das últimas décadas, que pela primeira vez desde o ano 2000 temos três anos consecutivos a crescer acima da média europeia, haja quem resolva brincar com o fogo e queira deitar tudo a perder", afirmou António Costa.

Ao discursar em Coimbra, num jantar comício com cerca de 1.500 autarcas socialistas de todo o país, o líder do PS salientou que o Governo a que preside "nunca prometeu o que não podia fazer" e tem de dar "cada passo com segurança".

O secretário-geral garantiu que se o PS "continuar neste caminho, com determinação e segurança, os salários e as pensões continuarão a subir e os impostos continuarão a baixar".

"Se alguém acha que este ano, por haver três atos eleitorais, vamos ceder ao facilitismo, à demagogia e ao eleitoralismo, pois podem tirar o cavalinho da chuva, porque chegaremos ao último dia da mesma forma que entrámos: de cabeça levantada e determinada a cumprir e a honrar os nossos compromissos", assegurou.

Primeiro-ministro avisou o Presidente
O primeiro-ministro revelou ainda que já comunicou ao Presidente da República que o Governo se demite caso a contabilização total do tempo de serviço dos professores seja aprovada em votação final global.

"Ao Governo cumpre garantir a confiança dos portugueses nos compromissos que assumimos e a credibilidade externa do país. Nestas condições, entendi ser meu dever de lealdade institucional informar o Presidente da República (Marcelo Rebelo de Sousa) e o presidente da Assembleia da República (Ferro Rodrigues) que a aprovação em votação final global desta iniciativa parlamentar forçará o Governo a apresentar a sua demissão", declarou.

Esta advertência foi feita por António Costa numa declaração ao país, na sexta-feira ao final da tarde, depois de ter estado reunido cerca de 40 minutos com o Presidente da República, na sequência da crise política aberta com a aprovação pelo parlamento, apenas com os votos contra do PS, da recuperação do tempo total de serviço dos professores no período em que houve congelamento de progressões.
Reações partidárias
O Partido Aliança condenou na última noite noite o que diz ser o ""oportunismo eleitoralista do casamento" entre o PSD, CDS e a "extrema-esquerda".

Em comunicado aquele partido defendeu que "o país e a democracia só têm a ganhar" se o Governo avançar para a demissão.

Já o Partido Livre considerou que uma eventual demissão do Governo seria um "enorme falhanço da esquerda parlamentar" por não conseguir terminar o mandato.

Em comunicado o “Livre” deixa ainda críticas a PSD e CDS-PP, acusando-os de um "comportamento hipócrita e eleitoralista", e que vai em "sentido contrário" às práticas e propostas de ambos.

Quanto aos partidos com assento parlamentar os de esquerda garantem que vão manter o voto favorável à contagem do tempo de serviço dos professores.

À direita os partidos acusam o primeiro-ministro de faltar à verdade.
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