Chega propõe inquérito centrado na responsabilidade do Estado no acolhimento de refugiados
Mário Cruz - Lusa
O Chega requereu hoje a constituição de uma comissão parlamentar de inquérito para "averiguar da atuação do Estado português" no acolhimento de ucranianos e esclarecer o eventual envolvimento de associações pró-russas, objeto que ultrapassa o caso de Setúbal.
De acordo com a proposta enviada à Lusa pela assessoria do partido, o objeto desta comissão é "averiguar da atuação do Estado português no acolhimento e integração dos cidadãos ucranianos que procuram refúgio em Portugal, com vista a esclarecer quais as responsabilidades das entidades públicas que escolheram desenvolver tais atividades em parceria com associações de cidadãos russos, e quais as eventuais consequências para a imagem e credibilidade internacionais do nosso país".
O Chega propõe que esta comissão parlamentar de inquérito funcione "pelo prazo de 120 dias", quatro meses.
Aos jornalistas, André Ventura disse que o Chega "tem estado a recolher elementos sobre as várias suspeitas que têm sido lançadas em relação a algumas associações e à sua ligação ao Kremlin e ao Moscovo" e nesse âmbito encontrou-se hoje com a Associação de Ucranianos em Portugal.
E defendeu que "há suspeitas muito graves de que entidades governamentais tiveram informação há vários anos de que associações que estavam registadas como ucranianas eram na verdade associações pró-russas".
Alegando que "há informações de que milhares de milhões de dólares foram atribuídos pelo regime russo a algumas destas associações", Ventura considerou que poderão estar em causa "atos de espionagem".
"Queremos perceber como é a informação de que estas associações eram financiadas pelo Kremlin ou ligadas a Moscovo não chegou nem à Câmara à Setúbal, ou chegou e foi ignorada, ou não chegou ao primeiro-ministro ou à ministra da Presidência ou foi ignorada, ou o que é que os serviços secretos sabiam", explicou.
c/Lusa