Comunistas apontam "gritante contradição" a Governo sobre descongelamento de militares

por Lusa

Lisboa, 10 ago (Lusa) - O dirigente do PCP Rui Fernandes sublinhou hoje a "gritante contradição" do executivo socialista em relação a negociações para o descongelamento das carreiras militares, face à situação verificada com a classe profissional dos docentes.

"Quanto ao descongelamento das carreiras e à exigência do cumprimento do artigo 19.º do Orçamento do Estado, há, por parte dos responsáveis políticos, a gritante contradição de quem ainda não abriu o processo negocial com as associações militares e é contra o sindicalismo militar, mas que, publicamente, assume que as condições do cumprimento da lei para os militares resultarão do processo de negociação e da luta dos sindicatos de professores", afirmou.

Em conferência de imprensa, na sede nacional do PCP, o membro da comissão política do Comité Central declarou ser "uma ilusão pensar que a situação atual de degradação das Forças Armadas (FA) pode ser invertida a reboque do aprofundamento do seu envolvimento nas estruturas europeias e na NATO".

"Exemplo disso é o facto de as FA não terem há muito as condições para cumprir todas as suas missões, mesmo quando estas são executadas à custa de uma elevada sobrecarga e desgaste do pessoal", lamentou.

Rui Fernandes criticou ainda "notícias que diversos responsáveis políticos e militares vão colocando na comunicação social, a propósito da Lei de Programação Militar", pois "avolumam as dúvidas quanto à definição de prioridades para aquisição de novos meios".

O dirigente comunista exemplificou com "a ideia de um navio polivalente logístico" quando a Armada enfrenta "enormes dificuldades financeiras", nomeadamente o "processo de revisão/manutenção dos submarinos, que pode, em parte, estar em causa, bem como a sua execução em Portugal".

Outro exemplo citado foi o da aquisição dos aviões KC390, cujos sucessivos adiamentos podem gerar um "aumento exponencial do seu valor inicial" na ordem dos 40%.

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