O deputado único do Chega nos Açores, que votou na quinta-feira a favor do Orçamento regional após ter ameaçado retirar o apoio ao Governo do arquipélago, justificou hoje que, se o partido não tivesse dado "um murro na mesa", era "garantidamente engolido".
Congresso do Chega. Deputado açoriano diz que, sem "murro na mesa", partido era "engolido"
"Verdade seja dita, se nós não déssemos um murro na mesa, garantidamente éramos engolidos, mas com o José Pacheco isso não acontece", assegurou o deputado açoriano do Chega, que discursava no IV Congresso do partido, que decorre até domingo em Viseu.
Depois de, na quinta-feira, ter aprovado o Orçamento Regional -- apesar de a Direção Nacional do partido ter recomendado que se retirasse do acordo de incidência parlamentar que mantém com o Governo açoriano --, José Pacheco abordou as negociações frisando que, na região autónoma, o Chega é o "fiel da balança" e "faz a diferença".
"O lema dos Açores está no brasão que é `antes morrer livres que em paz sujeitos`. E eu penso que as últimas semanas foram reflexo disso, em que nós preferíamos morrer livres do que sujeitos por um PSD", salientou.
O deputado do Chega disse que não está "seguramente agarrado" ao seu lugar no parlamento açoriano, e salientou que, "se tivesse de pôr tudo a perder, punha", desde que o "povo açoriano" ficasse em "primeiro lugar".
"Não há político nenhum que me conseguisse dar a volta, não havia nada que me segurasse ao chão. A verdade é que eles perceberam isso, e a verdade é que o Governo dos Açores do PSD cedeu em tudo o que o Chega exigia", alegou, reproduzindo a tese que também tem sido mantida pelo líder do partido, André Ventura.
Segundo José Pacheco, o Chega não "ganhou o céu" ou "as estrelas" nos Açores, mas ganhou algo que "se pode fazer em todo o país", elencando medidas como o "combate ao despovoamento", "um apoio permanente à natalidade", ou a aquisição de viaturas de bombeiros.
"Eu vejo os meus Açores como parte integrante de Portugal, e eu vejo que os Açores aqui também podiam dar um grande exemplo a esta nação: se é possível governar com o Chega nos Açores, é possível governar Portugal com o Chega", frisou.
O deputado salientou ainda que, durante todo o processo negocial, esteve em "constante diálogo" com André Ventura, que, durante a intervenção de José Pacheco, não esteve presente na sala mas que, pouco depois, o abraçou no palco, perante o aplauso dos delegados.
"Um partido é um conjunto de pessoas, é um conjunto de ideias, que se rege por um ideal e que tem um líder. Ninguém é ninguém sozinho, mas alguém tem de comandar esta caravela, alguém tem de fazer ouvir a sua voz, e no meu partido, para além de todos vocês que representam esses grandes marinheiros desta caravela, eu tenho um capitão deste barco e chama-se André Ventura", frisou.
José Pacheco saliento assim que, "seja nos Açores, na Madeira, Trás-os-Montes ou Algarve" o partido é "um e apenas Chega".
"No dia 30 de janeiro, estaremos cá e seremos muitos. (...) Nos Açores já não há [socialismo]. Corram com o socialismo de Portugal, eu peço isso a vocês", concluiu.
O Chega reúne-se entre sexta-feira e domingo no IV Congresso do partido, que decorre na Expocenter, em Viseu.