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Costa aponta "necessidade de agilizar reconstrução"

por RTP
“Estas semanas mostram a necessidade de agilizar os processos de reconstrução”, afirmou o primeiro-ministro em Pedrógão Grande Paulo Novais - Lusa

Pressionado à direita, com PSD e CDS-PP a reprovarem em toda a linha o desempenho da Administração Interna, o primeiro-ministro esteve esta sexta-feira em Pedrógão Grande, onde sublinhou que calamidades como aquela que ali teve lugar em junho marcam territórios e famílias “por muito e muito tempo”. António Costa reconheceu também que as últimas semanas “mostram a necessidade de agilizar os processos de reconstrução”.

“As calamidades deixam marcas nos territórios, nas famílias, por muito e muito tempo. É muito importante o que o presidente de Castanheira disse, que o país nunca mais esqueça aquilo que aqui aconteceu para que possamos fazer tudo para isto não volte a acontecer”, disse o primeiro-ministro.
“Não se importe que o acusem de estar aqui numa feira de vaidades”, disse a António Costa o presidente da Câmara de Castanheira de Pêra, Fernando Lopes.

Costa foi à região de Pedrógão Grande para ver a área ardida nos incêndios de meados de junho, que fizeram pelo menos 64 vítimas mortais e mais de duas centenas de feridos. Também para observar no terreno obras de reconstrução, não só em Pedrógão como em Castanheira de Pêra e Figueiró dos Vinhos.

“Estas semanas mostram a necessidade de agilizar os processos de reconstrução”, afirmou o governante, para depois colocar a ênfase na necessidade do preenchimento de declarações prévias com termo de responsabilidade por parte dos arquitetos que assinem os projetos.

“É essencial que [as obras] possam ser feitas sem carecer de licenciamento”, frisou.

Segundo António Costa, das 214 habitações atingidas pelas chamas, 119 precisam de processos de reabilitação simples e outras 95 de recuperação na íntegra. “Já há 38 habitações a ser intervencionadas através do fundo Revita, entre outras entidades”, observou.

Tiago Contreiras, Magda Rocha, André Mateus Pinto, Paula Meira - RTP

O primeiro-ministro abordou também a vertente do tecido empresarial, destacando como aspetos fundamentais, para “devolver a normalidade” à região, “o apoio à reconstrução das empresas, a capacidade de novos investimentos e a revitalização da floresta”.
“De desgraça estamos nós já fartos”

Relativamente ao destino dado às verbas para os municípios afetados pela semana de incêndios que teve início a 17 de junho, o primeiro-ministro evocou a vaga de “solidariedade extraordinária” que atravessou o país.António Costa esteve também na consignação da empreitada de desassoreamento do Rio Mondego, em Coimbra, onde sublinhou que o país tem “mesmo de fazer a seguir ao verão aquilo que é necessário para prevenir os incêndios florestais”.


”Parte destes apoios têm sido canalizados para o fundo Revita, que neste momento já está dotado de um total de 1,9 milhões de euros que provieram de um conjunto de entidades”, sintetizou.

Presente em Pedrógão Grande, o presidente da Câmara de Castanheira de Pêra, o socialista Fernando Lopes, dirigiu-se a António Costa, pedindo-lhe que ignore as críticas de que o Governo tem sido alvo a partir da oposição.

“Não se importe que o acusem de estar aqui numa feira de vaidades. Venha ao nosso território as vezes que quiser e que puder porque o dia que o deixar de fazer e os seus ministros, vamos ficar esquecidos”, exortou o autarca.

Fernando Lopes fez também um repto a todas as forças partidárias.

“Qualquer partido político que se preze deve assumir uma posição construtiva. Que ajudem o Governo, que ajudem a construir, de desgraça estamos nós já fartos. O aproveitamento político numa situação destas é devastador”, fez notar, estendendo estas palavras à política local.

Por sua vez, o presidente da Câmara de Pedrógão Grande, Valdemar Alves, eleito pelo PSD e agora candidato pelo PS, reconheceu o que disse ser a “coragem”, por parte do Executivo, de olhar para três concelhos que “estavam esquecidos”.

“Novos horizontes vão abrir-se. Este Governo comove-me bastante pelo facto daquilo que está a fazer por esta região e por todo o interior”, enfatizou o autarca, antes de dizer a António Costa que “é admirado neste momento na região”.
“Uma crónica jornalística”

Esta sexta-feira, em conferência de imprensa, o novo líder parlamentar do PSD reforçou as críticas à ministra da Administração Interna, numa avaliação da última conferência de imprensa de Constança Urbano de Sousa. Sem ir ao ponto de reclamara a demissão da governante, como tem feito o CDS-PP.O líder parlamentar do CDS-PP, Nuno Magalhães, reafirmou na quinta-feira que Constança Urbano de Sousa “não tem condições para continuar no cargo”.

“A conferência de imprensa mais parecia uma crónica jornalística e não uma conferência de imprensa de uma ministra que devia assumir as suas responsabilidades”, considerou Hugo Soares, que acusaria o Governo de procurar “um bode expiatório, que é sempre de outros”, além de um “passa-culpas constante”.

“A senhora ministra continua a pedir pareceres, a pedir relatórios e não é capaz de assumir a sua responsabilidade”, insistiu o dirigente laranja, que falava aos jornalistas em Faro.

O que o PSD gostaria de ver acontecer, disse Hugo Soares, era que a ministra da Administração Interna “assumisse a sua responsabilidade” e que “no todo do Governo começassem a ressarcir aqueles que viram, pelo colapso do Estado, vítimas mortais acontecerem nas suas famílias”.

O sucessor de Luís Montenegro na liderança da bancada do PSD, que falava antes da intervenção de António Costa em Pedrógão, desafiaria ainda o primeiro-ministro a explicar “olhos nos olhos” às famílias das vítimas por que razão as indemnizações ainda não começaram a ser pagas.

Hugo Soares criticou “o desfile constante de ministros” e do próprio chefe do Governo pelos territórios afetados”, por vezes “com um sorriso nos lábios, como se estivesse a fazer uma grande coisa que não devesse já estar feita”.

Questionado pelos jornalistas sobre estas críticas, ao final da tarde, em Figueiró dos Vinhos, o primeiro-ministro não quis alargar-se nas respostas, dizendo que “a oposição quer demissões” enquanto o Governo privilegia “ações”.

c/ Lusa
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