Daltonismo político ou o irritante otimismo de António Costa

por Rui Sá

O Presidente da República confessa que o problema que mais o preocupa é o crescimento da economia. António Costa está otimista, os indicadores de confiança de empresários e consumidores bateram este mês máximos de duas décadas.
Marcelo Rebelo de Sousa fala em otimismo irritante de António Costa. Há uma divida gigante para resolver, e um défice controlado à custa da falta de investimento público.

Nem a Banca, nem o défice, nem a estabilidade política preocupam Marcelo, mas o presidente já o tinha dito a 25 de abril - Portugal não é perfeito. Falta crescimento que permita resolver o grande problema do pais. A dívida.

A dívida são 130% do PIB. Os juros a que obriga mais do que o país gasta em saúde ou educação por ano.

Um crescimento abaixo dos 2% implica mais de quatro décadas de esforço para a reduzir para os níveis impostos pelo Pacto de Estabilidade: menos de metade do valor atual.

O Primeiro-ministro afirma que há razões para sorrir. O país está a crescer bem mais do que no passado, mas António Costa reconhece que em termos médios o que Portugal progride não é suficiente. O responsável pelo governo está ciente que e necessário atacar fragilidades como a falta de capitalização das empresas, ou os níveis de formação dos portugueses para dar sustentabilidade a um crescimento mais robusto da economia.

Para isso há ajudas comunitárias. O Portugal 2020 e o plano Juncker, via Bruxelas. Juros de 0% e a injeção de 60 mil milhões de euros por mês na economia europeia, via Frankfurt.

O objetivo do Banco Central Europeu: induzir inflação e crescimento. Esta quinta-feira Mario Dragui deixou claro que o BCE está disposto a reforçar estas medidas, ou perlonga-las para lá de dezembro deste ano caso os objetivos não sejam atingidos, ou a realidade, quer da zona euro, quer a do resto do mundo, o venham a aconselhar.

Por cá a queda do desemprego e o aumento da receita do IVA contribuem para um clima económico propício ao crescimento.

O indicador de confiança dos consumidores que está em máximo dos últimos 20 anos. O que mede as expectativas das empresas cresce há quatro meses consecutivos.

António Costa afirma que nem todos estarão contentes com estes indicadores, mas que eles revelam uma retoma firme da economia.

Segundo Marcelo Rebelo de Sousa um sinal de otimismo irritante. O Presidente falava para alunos do Colégio Moderno em Lisboa, onde esta quinta-feira deu uma aula sobre Mário Soares.

O Chefe de Estado fala de uma espécie de daltonismo político com tem tradução no dia-a-dia do país. Há evidências que garante não podem ser ignoradas, Uma delas. O governo cortou mesmo no investimento público para controlar o défice. Uma crítica que António Costa sempre recusou, e que a oposição tem vindo a sublinhar no último ano.

O presidente tem avisado publicamente: o país precisa de mais investimento para crescer, e para que esse crescimento seja sustentável, de melhor distribuição da riqueza produzida
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