Debate RTP3. CDS e Iniciativa Liberal divergem quanto a apoios do Estado mas ambos descartam o Chega

por RTP
José Fernandes – RTP

Francisco Rodrigues dos Santos, líder do CDS-PP, e João Cotrim de Figueiredo, do Iniciativa Liberal (IL), estiveram frente a frente num debate aceso na RTP3. Francisco Rodrigues dos Santos não poupou nas críticas ao IL, acusando-o de votar "sempre ao lado do Bloco de Esquerda" e de não trazer "nenhuma inovação à direita". Os dois partidos foram unânimes na "nega" ao Chega, mas divergiram em várias áreas, como os apoios do Estado e privatizações.

Francisco Rodrigues dos Santos e Cotrim de Figueiredo estiveram frente a frente na RTP3, num debate onde em cima da mesa começaram por estar os apoios do Estado.

O líder do CDS acusou o Iniciativa Liberal de não se preocupar com os desfavorecidos e Cotrim Figueiredo constatou que esta era também uma crítica vinda do Bloco de Esquerda. “Quando nós somos atacados pela esquerda e pela direita exatamente da mesma maneira, alguma coisa devemos estar a fazer bem”, rematou.

Questionado sobre quais os apoios concretos que devem ser prestados, o líder do IL respondeu que devem ser dados “todos os apoios para que pessoas sem casa, alimentação e saúde condignas não fiquem desvalidos”.

Já Francisco Rodrigues dos Santos disse que o CDS era "a direita social porque somos a direita que sabe que há pessoas que não tiveram as mesmas oportunidades para vencer na vida e se não for o Estado a colocá-las num pé de igualdade não podem ascender socialmente”. “O João Cotrim de Figueiredo ignora isto radicalmente”, acusou.
Desde então, Francisco Rodrigues dos Santos não poupou nas críticas ao Iniciativa Liberal. O líder do CDS disse ter visões parecidas às de Cotrim Figueiredo, “até ao momento em que a Iniciativa Liberal deixa de se preocupar com as pessoas e olha exclusivamente para os mercados”.

“São em tudo iguais à esquerda, tirando a economia”, disse o líder do CDS. “Um voto no IL não é necessariamente um voto à esquerda, pelo contrário, porque em grande parte do programa votam ao lado do Bloco de Esquerda”, acrescentou. Rodrigues dos Santos chegou a classificar o líder da IL como “uma Ruth Marlene da política, que ora pisca à esquerda, ora pisca à direita”.

Francisco Rodrigues dos Santos afirmou que o IL “não traz nenhuma inovação à direita” e acusou oo partido de "copiar muitas das bandeiras do CDS".

“Não podem dizer que são o único partido que defende a redução da carga fiscal”, disse Francisco Rodrigues dos Santos. “Não é o único partido que pode dizer que está ao lado dos empresários. Votamos contra a Constituição”, acrescentou.
Privatizações e salário mínimo

Os dois dirigentes mostraram estar em desacordo quanto às privatizações de TAP, RTP e Caixa Geral de Depósitos (CGD), com o Cotrim de Figueiredo a defender as três e Francisco Rodrigues dos Santos a colocar reticências sobre a venda da RTP e a do banco púbico.

Sobre a privatização da TAP, Francisco Rodrigues dos Santos diz que o IL defende "uma privatização selvagem" e acrescenta: “Nós não somos capitalistas selvagens, nem colocamos à frente das pessoas como o João Cotrim Figueiredo".

No seguimento desta discussão, Cotrim de Figueiredo perguntou ao líder do CDS: "Que raio de direita é esta que pretende ter o Estado nestas empresas todas?".

O aumento do salário mínimo nacional para 900 euros foi também um ponto de discórdia, com a IL a considerar que a “medida não é razoável em função da atual situação” e deve ser vista em conjunto com outros fatores como a produtividade” e o CDS-PP a defender a tomada da decisão “em sede de concertação social”.
Partidos unânimes na 'nega' ao Chega
No meio de todas as divergências, os dois partidos encontraram unanimidade na 'nega' ao Chega. Rodrigues dos Santos disse que o CDS não integrará "nenhum governo que integre o Chega" e acrescentou que "caberá ao Chega decidir no Parlamento viabilizar ou um governo de direita".

Cotrim Figueiredo deixou também claro que o partido de André Ventura é "a linha vermelha" do IL. “Com o Chega não contribuiremos para uma solução dentro do governo”, sublinhou.

Francisco Rodrigues dos Santos admitiu, por fim, estar “disponível” para se entender com João Cotrim de Figueiredo, caso a IL - a quem chamou de "primo moderninho" - “deixe de fazer concessões à extrema esquerda em matérias como a eutanásia, o aborto, a prostituição, as drogas leves, a ideologia de género nas escolas e as proibições à tauromaquia”.

Cotrim de Figueiredo, que considerou Francisco Rodrigues dos Santos como “o mais novo dos líderes que tem a cabeça mais velha de todos”, respondeu dizendo que “quando se fazem compromissos é respeitando a liberdade dos outros.

c/Lusa
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