Deputado PSD acusa Silva Pereira de fazer discurso "encomendado de Paris" e recebe pateada do PS

por Lusa

O vice-presidente da bancada social-democrata Adão Silva acusou hoje o socialista Pedro Silva Pereira de fazer um discurso "encomendado de Paris", numa referência ao ex-primeiro-ministro José Sócrates, originando uma reação violenta da bancada do PS, com uma pateada generalizada.

"Eu queria dar-lhe os parabéns porque conseguiu conjugar aqui todo o PS, coisa rara que não deixará de inquietar as noites do líder do PS, percebemos que o discurso de vossa excelência teve uma particular inspiração, deve ter sido alguma encomenda de um café de Paris", afirmou Adão Silva, numa questão ao antigo ministro da Presidência do PS, que fez uma intervenção fortemente aplaudida pelos deputados socialistas.

Numa nova alusão ao antigo primeiro-ministro socialista José Sócrates, em Paris a tirar um curso, o deputado do PSD comparou o discurso de Silva Pereira a uma "especulação filosófica".

De imediato, a bancada socialista se insurgiu contra as afirmações de Adão Silva, com uma pateada generalizada e vários deputados a baterem nas mesas, clamando "vergonha" e pedindo "respeito" ao parlamentar do PSD.

Após a forte reação sonora do PS, Adão Silva exortou Pedro Silva Pereira a explicar a sua "intervenção especulativa" e questionou os socialistas sobre "quando é que fazem o `mea culpa` por terem atirado Portugal" para uma intervenção externa, recebendo aplausos da sua bancada.

Na resposta, Pedro Silva Pereira rejeitou qualquer "especulação" e disse querer "falar de factos": "Lamento desiludi-lo mas não lhe responderei no mesmo tom, aprendi a prezar os meus adversários políticos e tenho presentes os valores de educação que os meus pais me ensinaram".

Depois, o antigo governante socialista lembrou a situação da Europa, que "enfrenta uma crise séria no financiamento das suas economias e está às mãos da especulação financeira" e que após o eclodir da crise "mais de 11 países mudaram os seus governos".

"Se insiste no entendimento de que tudo isto que se passa no mundo e na Europa é culpa do anterior Governo do PS, então senhor deputado não posso fazer nada por si", declarou, recebendo fortes aplausos da bancada socialista.

Neste contexto, Silva Pereira assinalou que "a Espanha pediu hoje ajuda externa, após anos de `superavit` orçamental", e que "antes da Espanha foi Portugal, antes de Portugal foi a Irlanda e antes da Irlanda foi a Grécia".

"A seguir irá Chipre e a Itália já não se sente nada bem", acrescentou, acusando a Europa de ter estado sempre "fora do momento quando se trata de responder" à crise e afirmando que tudo "indica que a agenda da próxima cimeira [quinta e sexta-feira] vai ficar aquém do necessário".

Sobre o primeiro ano de mandato do Governo, Pedro Silva Pereira disse que o país vive uma recessão e um nível de desemprego que "nunca se viu" em Portugal e que "não é apenas fruto das medidas do memorando".

"O Governo escolheu tomar por sua livre e espontânea vontade um conjunto de medidas que não estavam previstas, nem o IVA da energia, nem na restauração, nem eliminar os subsídios", salientou.

O deputado do PS recomendou depois a Adão Silva que se "entretenha um pouco mais a ler o quadro da página 22 do relatório do Orçamento para este ano, que compara as medidas do Governo com as medidas da `troika`".

"O que lá está escrito é que na `troika` eram seis mil milhões de euros e que o seu Governo decidiu adotar 10 mil milhões", afirmou.

"O PSD pode dizer o que quiser, mas não pode, para atacar o Governo anterior, dizer que este é o culpado da crise internacional, e que aquele Governo que ali está [PSD/CDS] pode fazer tudo bem feito mas não pode prometer resultados por causa da crise internacional", atirou.

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