Eutanásia. Cristas rejeita que SNS possa "executar morte"

por Carlos Santos Neves - RTP
“Isso nós não aceitamos, nem achamos admissível”, afirmou a líder do CDS-PP, referindo-se à possível legalização da eutanásia e à sua prática no Serviço Nacional de Saúde Arménio Belo - Lusa

No fecho das jornadas parlamentares do CDS-PP, em Viana do Castelo, Assunção Cristas retomou o tema da eutanásia para considerar inadmissível que este ato possa vir a ser praticado no Serviço Nacional de Saúde. Tratar-se-ia, nas palavras da líder dos democratas-cristãos, de “uma nova prestação” visando “antecipar” ou “executar morte”.

Na perspetiva de Cristas, o Serviço Nacional de Saúde é para “desenvolver e acarinhar”, de forma a “tratar as pessoas e dar qualidade de vida até ao fim dos seus dias”. A partir desta ideia, a líder do CDS-PP rejeita que a estrutura do Estado possa “passar a ter uma nova prestação, que já não é tratar, já não é tirar a dor, é antecipar a morte, é executar morte”.O Parlamento vai discutir e votar na generalidade, a 29 de maio, quatro projetos de despenalização e regulação da morte medicamente assistida, assinados por PAN, BE, PS e PEV.


“Isso nós não aceitamos, nem achamos admissível”, frisou a presidente do CDS-PP, que pautou o discurso de encerramento das jornadas parlamentares do partido pelo dossier da saúde, uma das áreas “mais críticas” da governação.

“Olhando para trás, comparando momentos, hoje sem troika, sem crise, estamos bem pior nesse domínio do que estávamos há cinco anos atrás e isso não é aceitável”, criticou, para depois lamentar que a legalização da eutanásia possa ser votada pelas formações partidárias aliadas a um Governo “que não é capaz de dar um impulso significativo aos cuidados paliativos”.

“Numa sociedade que tem tanto para trabalhar, tanto para acolher, acarinhar, uma população que precisa de um SNS com condições, com cuidados paliativos, não aceitamos que o foco de repente se vire para outro lado”, insistiu.

A eutanásia, recordou Assunção Cristas, está legalizada em apenas dois países europeus – Bélgica e Holanda. A dirigente partidária evocaria ainda o alerta de um holandês numa iniciativa do CDS-PP, afirmando que “na eutanásia sabe-se como começa, não se sabe como acaba”.
“Não temos medo e temos coragem”
As jornadas parlamentares do CDS-PP decorreram sob o título Portugal: a Europa e o Mar. Além da saúde, o derradeiro discurso de Cristas abordou também a justiça e o interior, domínios em que o partido reivindica uma posição de vanguarda.Na segunda-feira, em Monção, Assunção Cristas sustentou que o atual Executivo socialista “é conduzido por Mário Centeno, ao sabor daquilo que são os seus objetivos de números para fazer bonito e para apresentar em Bruxelas”.

Quanto à justiça, a ex-ministra do Governo de PSD e CDS-PP lançou mão de propostas que o partido submeteu há três meses à Assembleia da República, sem que tenham sido contrariadas por iniciativas de outras forças políticas. E destacou o facto de os democratas-cristãos terem anunciado um fórum para a reforma da justiça, sob a liderança de Rui Medeiros, professor universitário.

”Na altura todos vieram dizer que havia muito para fazer, mas continuamos à espera que os outros partidos venham a jogo”, fez notar. salientando que, entretanto, o partido já anunciou a criação de um fórum para a reforma da justiça, liderado pelo professor universitário Rui Medeiros.

Recuperando uma acusação deixada na véspera em Monção, onde interveio na tomada de posse dos órgãos concelhios, Assunção Cristas prometeu continuar “a liderar a denúncia de um Governo que faz uma austeridade completamente escondida, encapotada, que não diz a verdade a todos”. Um Executivo, carregou, que se encontra “refém do ministro das Finanças”.

Ainda segundo Cristas, a vontade declarada do CDS-PP de “liderar em várias matérias” visa conseguir que “um dia todos os portugueses” manifestem nas urnas confiança no partido.

“Não temos medo e temos coragem, não temos medo de ser politicamente incorretos”, rematou.

c/ Lusa

pub