Listas do PSD aprovadas. Rio assinala votação "expressiva", Rangel tece críticas

por Carlos Santos Neves - RTP
“Para quem perdeu dois conselhos nacionais seguidos, conseguir esta votação parece-me que era difícil pedir mais” Nuno Veiga - Lusa

O líder do PSD saiu na última noite da reunião do Conselho Nacional do partido, em Évora, a assinalar o que considerou ser a votação “expressiva” que viabilizou as listas de candidatos às próximas legislativas. Já Paulo Rangel, derrotado nas eleições diretas, lamentou o que, nas suas palavras, foi a falta de “um sinal construtivo no sentido da diversidade”.

Ouvido pelos jornalistas, após o Conselho Nacional em que foi aprovada a lista de candidatos a deputados do PSD com perto de 71 por cento dos votos, Rio acabaria por considerar que a reunião foi “das mais pacíficas” na história do partido.

“Para quem perdeu dois Conselhos Nacionais seguidos, conseguir esta votação, parece-me que era difícil pedir mais”, afirmou o presidente dos social-democratas.

Confrontado com as críticas de Paulo Rangel, Rio disse discordar: “Não é correto que em lugares elegíveis só estejam pessoas que me apoiaram, é mentira, é mentira mesmo”.A reunião teve início cerca das 22h00 de terça-feira e ficou concluída perto da 1h00 desta quarta-feira.


Ainda de acordo com Rui Rio, em lugares elegíveis surgem nomes que não o apoiaram passado recente, outros que não o apoiaram em anteriores diretas e até outros que “nunca o apoiaram”.

É verdade que a lista tem a marca da estratégia que ganhou, não pode ter a da estratégia que perdeu. Foi dos Conselhos Nacionais mais pacíficos, mas, ao mesmo tempo, os que não ficaram tiveram reações mais fortes e mais violentas do que é normal”, frisou, para acrescentar que se esforçou por levar a cabo “alguma renovação”, ao remover das listas deputados há “20, 30 ou 40 anos” na Assembleia da República.

“É tempo de fazer isso, a começar pelo PSD, que até tem uma proposta de revisão da lei eleitoral que limita o mandato dos deputados a três consecutivos”, disse.
“Haverá sempre um ou outro que não se sente à vontade”
Questionado sobre se será capaz de obter unidade na próxima campanha eleitoral para as legislativas de 30 de janeiro, Rui Rio admitiu que tal não acontecerá “com aqueles que apenas estavam neste processo pelo seu lugar na lista de deputados”, antes com “o grosso dos militantes ou das estruturas”.
“Haverá sempre um ou outro que não se sente à vontade para fazer campanha, mas se até no Conselho Nacional onde tenho mais dificuldade tive esta votação, não sei o que se pode pedir mais, não estou aqui para ter 100 por cento”, vincaria em seguida, referindo-se ao facto de ter afastado alguns líderes de distritais.

Quando aos órgãos nacionais a apresentar no Congresso de 17 e 19 de dezembro, em Santa Maria da Feira, Rio disse que “alguma renovação haverá, as coisas são dinâmicas”.
“Podia ter havido um sinal construtivo”
Por sua vez, Paulo Rangel quis lamentar, após a reunião do Conselho Nacional o que disse ser a falta de “um sinal construtivo no sentido da diversidade”.

”Sinceramente, eu acho que podia ter havido um sinal construtivo, no sentido da diversidade, que não existiu”, afirmou Rangel em declarações aos jornalistas. Ainda assim, quis mostrar-se “absolutamente confiante” numa vitória laranja nas próximas eleições.

“Tudo o que tinha a dizer, e disse de forma muito clara, disse no Conselho Nacional, portanto, essa minha posição está bem explícita. Agora, o que se trata é de apoiar o PSD com toda a força para as eleições legislativas”, enfatizaria.“Uma coisa são as relações pessoais, outra coisa são as divergências políticas, que existem e, portanto, existindo, têm que ser manifestadas”, disse Rangel sobre a reunião com Rio.


“A batalha das legislativas”, considerou ainda Rangel, é “ difícil”, mas “o PSD pode vencer”, uma vez que a alternativa política do partido é “mais forte” na sequência das eleições diretas.

“Aliás, essa é uma coisa que eu sempre disse: as eleições internas reforçariam, ganhasse quem ganhasse, o líder do PSD e isso é notório a todos os níveis”.

Impõe-se agora, no entender de Paulo Rangel, “aproveitar o congresso para já fazer uma primeira grande ligação aos portugueses”: “Mas eu estou absolutamente confiante de que nós podemos ganhar as eleições de 30 de janeiro”.

Apesar das críticas, durante a reunião, à exclusão de nomes, as listas foram aprovadas com 67 votos a favor, 21 contra e seis abstenções.

c/ Lusa
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