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Luís Montenegro promete que tudo fará para "dar um novo Governo a Portugal" e "liderar uma nova maioria"

por RTP

Foto: Estela Silva

Este domingo, a Comissão Política Nacional do presidente do PSD, Luís Montenegro, foi eleita com 91,6 por cento dos votos, superando em muito as votações obtidas pelas direções de Rui Rio e até as de Pedro Passos Coelho. No discurso de encerramento, o novo dirigente do Partido Social Democrata afirmou ter "disponibilidade total para colaboração com Presidente da República". Na reunião magna que encerrou o congresso social-democrata, Montenegro assegurou que os militantes estão mais "unidos e coesos" neste "projeto político.

Começando pelos agradecimentos a todos os presentes e apoiantes, Montenegro deixou uma “palavra de estima e estímulo à delegação do CDS e ao seu presidente, Nuno Melo”.

“Partilhamos vários momentos de responsabilidade na governação de Portugal e conduzimos em conjunto um número significativo de autarquias locais”, relembrou.

Nas saudações iniciais do seu discurso de encerramento, Luís Montenegro cumprimentou as representantes do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, através de quem enviou "uma mensagem de disponibilidade total da nova direção do PSD para prosseguir com sentido de lealdade e colaboração institucional, na relação de proximidade e cooperação que a democracia e os portugueses exigem e merecem".

Por fim, dirigindo-se a todos os presentes, o novo líder do PSD afirmou que foi possível fazer a “discussão com elevação”.

“E saímos daqui, claramente, ainda mais unidos e coesos em volta do nosso projeto político”.
Vivemos tempos que “exigem governos fortes”
Recordando que a Europa e o mundo “vivem momentos conturbados, tempos de incerteza e de mudança”, Luís Montenegro realçou que também são “tempos que exigem governos fortes e oposições exigentes”.


“O Estado, os poderes públicos e o modo como concebemos a política não podem ser imunes a estas transformações (…). Para enfrentar estes desafios o Estado tem de se adaptar e a Política tem de mudar”
.

Governar, nas palavras do líder eleito do PSD, “não é tentar manter as coisas mais ou menos como estão, mas sim ser um motor da mudança que os novos tempos exigem”. Governar, continuou, “não pode resumir-se a reagir aos problemas depois das coisas correrem mal”, nem pode “continuar a ser um festival incessante de anúncio de medidas avulsas e precipitadas, que foram pensadas muitas vezes apenas para o Telejornal desse dia mas que são destituídas de efetividade e que morrem logo no dia seguinte”.

“Hoje governar, mais do que nunca, é ter coragem de transformar e ter coragem de reformar”.


Segundo Montenegro, é essa “a principal razão pela qual a realidade inflacionista e a turbulência energética, que começaram no ano passado e se agravaram agora com a guerra, apanharam Portugal desprevenido e impreparado”. Mas no PSD, “não temos problemas existenciais, não temos cismas ideológicas, não nos interessam discussões estéreis de esquerdas e direitas de linhas verdes ou linhas vermelhas”.

“A nossa orientação é simples: o cidadão, a pessoa”, disse.

E em tom de crítica acrescentou: “Rejeitamos a escolha teleguiada que o socialismo gosta de, mais ou menos sub-repticiamente, de impor às pessoas”.

Ao PSD interessa, de acordo com Montenegro, uma sociedade que “cria riqueza por si”.
PSD é moderado, mas não socialista
"Comigo e com o PSD, antes quebrar que torcer! Jamais abdicarei dos princípios da social-democracia e da essência do nosso programa eleitoral para governar a qualquer custo", assegurou.

E acrescentou: "Acreditem, se algum dia for confrontado com a violação dos nossos princípios e valores para formar ou suportar um Governo, o partido pode decidir o que quiser, mas não serei eu o líder de um Governo desses".

Pelo contrário, acusou o PS de ter "ultrapassado muros" para se associar a partidos extremistas.

"António Costa, Pedro Nuno Santos, Fernando Medina, Mariana Vieira da Silva, Ana Catarina Mendes, e por aí fora, violaram os princípios do socialismo moderado para evitar a reforma política antecipada do atual primeiro-ministro", acusou.

Ainda apontando criticas ao Governo atual, Luís Montenegro quis distanciar as políticas e o Partido Social Democrata.

“Não nos confundam. Nós não somos, nem seremos, socialistas moderados. Somos e seremos moderados, mas não somos nem seremos socialistas”.

O líder social-democrata assegurou, então, que “jamais” abdicará “dos princípios da social-democracia e da essência do nosso programa eleitoral para governar a qualquer custo”.

“Tudo farei e faremos para dar um novo Governo a Portugal. Tudo faremos para liderar uma nova maioria em Portugal. Tudo faremos para que esse Governo e essa nova maioria tenho estabilidade e condições de governabilidade”, continuou. “Somos um partido livre, com liberdade de assumirmos compromissos e entendimentos quando é necessário, mas repito: nunca, mas nunca, violaremos os nossos princípios e valores”.

O líder do partido acredita que “Portugal chama pelo PSD” e garante que nunca vai “virar as costas aos portugueses”.

“Nós no PSD sabemos bem que as pessoas esperam de nós que sejamos uma oposição firme e exigente”, disse ainda. “Só vamos voltar a ser escolhidos e merecer governar se os portugueses entenderem bem o projeto que temos para o país”.

E isso, continuou, “não se conquista de um dia para o outro”, mas a “demagogia e o populismo não são o terreno que queremos pisar”.
Montenegro defende vales alimentares mensais para famílias mais pobres
O presidente do PSD, Luís Montenegro, defendeu hoje a atribuição de vales alimentares mensais para as famílias mais pobres e elegeu como "primeira prioridade de ação" a implementação de um programa de emergência social.

No discurso de encerramento do 40.º Congresso do PSD, Luís Montenegro elegeu sete temas que serão orientadores da sua ação, começando pelo "combate à carestia de vida".

"Defendemos a criação desde já de um Programa de Emergência Social que aproveite o excedente criado pela repercussão da inflação na cobrança dos impostos e inclua medidas como um vale alimentar mensal às famílias de mais baixos rendimentos", afirmou, considerando que a resposta do Governo "tem ficado aquém" e demonstra "insensibilidade social".

A renovação de descidas ou suspensões na fiscalidade sobre os combustíveis, uma intervenção na fiscalidade e contribuições associadas ao consumo de eletricidade, apoios ao setor agrícola, pecuário e pescas foram outras das orientações que "o Governo deve seguir na formulação desse Programa de Emergência Social", segundo o novo líder do PSD.

Neste ponto, criticou "a alegria com que o primeiro-ministro e o PS" anunciaram um aumento de pensões para o próximo ano, que decorre da lei.
Montenegro contra "irresponsabilidade e erro" de referendo sobre regionalização
O novo presidente do PSD, Luís Montenegro, considerou hoje que um referendo sobre a regionalização em 2024, com a atual situação, será "uma irresponsabilidade, uma precipitação e um erro", avisando que se o Governo decidir avançar será sozinho.

No encerramento do 40.º Congresso do PSD, Luís Montenegro começou por criticar "o logro" que tem sido o processo de descentralização, cuja "responsabilidade é exclusivamente do Governo".

Quanto a um eventual referendo sobre a regionalização que o Governo prometeu para 2024, o novo presidente do PSD considerou que "não é adequado" devido à grave situação internacional e às consequências económicas e sociais muito sérias estão a atingir os portugueses.

"Fazer um referendo neste quadro crítico e delicado seria uma irresponsabilidade, uma precipitação e um erro. Os portugueses não compreenderiam. Tenhamos as noções das prioridades", afirmou, recordando que com o início da guerra mudou o mundo e as prioridades e por isso "convém ter os pés bem assentes na terra".

Montenegro deixou depois um aviso ao executivo de António Costa: "se o Governo pensar de modo diferente, tem todo o direito de avançar. Só que, nesse caso, avançará sozinho para a iniciativa de convocar um referendo em 2024".

O presidente do PSD lembrou que o PS tem "uma maioria absoluta que lhe permite" fazer, mas não será com o aval ou cobertura do PSD.
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