Manuel Monteiro defende renascimento da AD

por Antena 1

"Se Sá Carneiro e Amaro da Costa não tivessem morrido, a Aliança Democrática ter-se-ia institucionalizado". Uma ideia com mais de trinta anos que volta hoje ao discurso político do antigo líder do CDS, Manuel Monteiro. É preciso ter a coragem de voltar a "pôr esta ideia em cima da mesa", defende o antigo líder do CDS em entrevista à jornalista da Antena 1, Maria Flor Pedroso.

Por cinco vezes afirma que em política nunca se pode dizer "nunca". Revela-se politicamente ativo num grupo de reflexão suprapartidário e diz que se voltar à política será no CDS.
Deixa, ainda assim, a garantia de que não voltará a candidatar-se à liderança.

Manuel Monteiro, antigo líder do CDS (1992/98), defende na Antena 1 que "seria benéfico para a vida política portuguesa, não diria a fusão, mas essa comunhão de espaço" entre PSD e CDS. "Seria benéfica para a clarificação da vida política portuguesa", afirma. É a resposta que Monteiro encontra para que a direita maioritária possa voltar ao poder. Coisa que não prevê que aconteça em próximas eleições legislativas.

Questionado sobre se é protagonista para o renascimento desta “comunhão” entre PSD e CDS, Manuel Monteiro - que participou no fim de semana passado numa iniciativa de uma nova tendência do CDS, que juntou antigos presidentes do partido - revela à Antena 1 que "não quer estar quieto" politicamente falando, e que se tem reunido com jovens de várias universidades em reflexões abertas a todas os partidos desde que sejam "soberanistas". 

Crítico sobre a União Europeia

Monteiro mantém as suas reservas sobre a União Europeia (EU) e sobre a necessidade de um Plano B se o euro falhar. Acusa o atual sistema político de não dizer a verdade aos eleitores portugueses e europeus: "É uma mentira! E a prova maior da falência deste sistema político é que continua a fazer eleições como se não existisse esta União Europeia, quando se sabe que não é assim". Porque quem é eleito não decide nada e exemplifica, nesta entrevista, com o que Bruxelas está a impor em relação ao Novo Banco.

“Não” à presidência do CDS

Manuel Monteiro afasta a hipótese de voltar à presidência do partido. "Eu fui presidente da CDS uma vez, não voltarei a ser segunda!", afirma com firmeza. Mas "se fizer alguma coisa será no CDS, se daqui a vários anos tiver, ou não, novo impulso para participar na vida política".

Diz, nesta entrevista, "para ser honesto", que ainda não percebeu bem Assunção Cristas, lembrando que ela herdou o poder. Aconselha a que não se demita se tiver um mau resultado. Tal como acha que Pedro Passos Coelho também não o vai fazer.

Manuel Monteiro acusa ainda a Direita de se "deixar aprisionar por interesses". "Deixa de poder falar daquilo que deve falar". Dá como exemplo as dezenas de hospitais privados sobre os quais gostaria de saber quantos vivem do Serviço Nacional de Saúde.

Amigo pessoal do primeiro ministro António Costa, desde o liceu Passos Manuel, afirma "que está a ter êxito". "As coisas estão-lhe a correr bem, porque à Direita a oposição não tem sido a mais feliz".

Por falar em felicidade, Monteiro afirma que o ticket - Marcelo/Costa - tem feito "as pessoas felicíssimas, mas não pode continuar indefinidamente sem se chamar a atenção para riscos que o país no passado já correu".
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