Merkel defende em Estrasburgo projecto de Macron para um exército europeu

por Paulo Alexandre Amaral - RTP
“Seria muito mais fácil cooperar connosco”, declarou Angela Merkel aos eurodeputados. Vincent Kessler, Reuters

Angela Merkel foi esta terça-feira ao Parlamento Europeu apontar a necessidade de a Europa começar a trabalhar no projecto de “um verdadeiro exército europeu” que possa garantir a defesa do Velho Continente. A chanceler alemã vem assim respaldar o projecto acarinhado pelo presidente francês, Emmanuel Macron, o crescimento militar da Europa que tanto desagrada a Donald Trump.

O presidente Macron propugnava em Paris ainda antes das cerimónias comemorativas do Armistício que pôs fim à I Guerra Mundial a criação de um “verdadeiro exército europeu”, a mesma expressão que seria hoje levada por Merkel ao Parlamento de Estrasburgo.

O argumento também é comum: Angela Merkel fala na defesa da Europa, Emmanuel Macron concretizara antes com a necessidade de contrariar o ascendente de “China, Rússia e até dos Estados Unidos” no ciberespaço. Um guião para a Europa que não caiu bem ao presidente norte-americano.

No rescaldo da visita a Paris, Donald Trump acabou por descarregar o seu fel contra Macron na rede social Twitter.

Sobre o discurso de Merkel no Parlamento Europeu ainda não há qualquer reacção a partir da Casa Branca, mas em Estrasburgo fizeram-se ouvir apupos às ideias da chanceler.

“Temos cooperação ao nível ao militar, e isso é muito bom, mas o que devemos fazer, e isto é muito importante, é trabalhar na visão de um dia criarmos um verdadeiro exército europeu”, propugnou a líder alemã, entre aplausos e apupos, o que levou Merkel a ler um sinal positivo por estar a “aborrecer algumas pessoas no Parlamento”.

Deixaria depois o que pode ser lido como uma ideia fundadora para o tempo futuro: “Só podemos defender os nossos interesses quando agimos juntos. O tempo em que podíamos contar com outros ficou para trás”.

“Podemos ser um bom complemento à NATO, podemos trabalhar com a NATO com um exército europeu”, explicou Angela Merkel, acrescentando que esse exército europeu integraria a Aliança Atlântica como acontece com as forças militares dos Estados-membros.

“Por favor, entendam que não será um exército contra a NATO”, sublinhou.

Na mesma linha, Merkel propugnou a criação de um “Conselho de Segurança Europeu” como um pilar que reforçaria a política externa da União Europeia.

“Propus a criação de um Conselho de Segurança Europeu com uma presidência rotativa no seio da qual poderiam ser tomadas decisões importantes de forma mais rápida”, acrescentou.

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