Ministro da Saúde "desfavorável" à legalização da eutanásia

por RTP
“Tenho que distinguir a minha posição pessoal da posição política”, sublinha Adalberto Campos Fernandes em entrevista à Renascença e ao <i>Público</i> António Pedro Santos - Lusa

O ministro da Saúde admite, em entrevista à Rádio Renascença e ao jornal Público, ser “desfavorável” à legalização da eutanásia. Adalberto Campos Fernandes contrapõe, todavia, que atuará “de acordo com o que for o resultado da votação parlamentar”. E afiança que o Serviço Nacional de Saúde “estará pronto”.

“Eu tenho que distinguir a minha posição pessoal da posição política. Eu, em termos políticos, enquanto ministro da Saúde, agirei no Governo de acordo com o que for o resultado da votação parlamentar e da decisão maioritária dos representantes do povo”, começa por responder o titular da pasta da Saúde. “Não se reconstroem serviços públicos em dois anos”, sustenta o ministro da Saúde na entrevista ao Público e à Rádio Renascença.


“Outra matéria é a posição da pessoa, em concreto, e essa creio que não é relevante para o debate político, uma vez que eu - enquanto médico e enquanto ministro - tenho que manter o necessário distanciamento em relação a essa questão”, prossegue, para depois aclarar o seu posicionamento face à morte assistida.

“Quem trabalha comigo e trabalha de perto sabe que sou desfavorável à legalização da eutanásia, por questões de consciência, por questões individuais e pessoais. Mas não confundo o plano político com o plano de obrigação de ministro, de membro do Governo e, naturalmente, de fazer cumprir uma lei que decorrer da opção soberana da Assembleia da República”, afirma Adalberto Campos Fernandes.

Questionado sobre os projetos do Bloco de Esquerda e do PS, o ministro escusa-se a fazer comentários, insistindo na ideia de que a sua “posição enquanto membro do Governo” é “acompanhar a posição do Parlamento”.

O governante afirma, adiante, que o Serviço Nacional de Saúde “terá que estar” preparado para a aplicar a lei, à semelhança do que aconteceu com a procriação medicamente assistida e a interrupção voluntária da gravidez.
“Não se reconstrói em dois anos”

Na mesma entrevista, o ministro da Saúde admite que “os problemas no Serviço Nacional de Saúde não estarão resolvidos em 2019”, defendendo que a recuperação do sector, após o desinvestimento de que foi alvo, implica duas legislaturas.

“Não se reconstroem serviços públicos em dois anos. É necessário prosseguir este esforço numa legislatura seguinte”, propugna.

“Desde 2010 que não tínhamos tantos recursos financeiros, mas é verdade que o país precisa de muito mais”, vinca ainda Adalberto Campos Fernandes.

O governante considera que é impossível manter um SNS eficaz “sem ter um Estado forte e capaz de o sustentar”, algo, acrescenta, que todas as formações políticas com assento parlamentar terão de compreender.

Relativamente à proposta do BE para o fim das taxas moderadoras, Adalberto Campos Fernandes assinala que estas “nunca foram um mecanismo de financiamento, mas de indução de uma procura mais inteligente ou adequada”.

“Podemos avançar, por exemplo, no sentido de abrandar ou reduzir mais as taxas nos cuidados de saúde primários, em detrimento dos cuidados hospitalares”, remata.
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