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"Não podemos ir mais longe”, sinaliza Costa aos professores

por Carlos Santos Neves - RTP
“Aquilo que está em debate no Orçamento de Estado é o cumprimento de um compromisso que assumimos de pôr fim ao congelamento das carreiras” Jonas Ekstroemer - EPA

A reposição de rendimentos aos professores relativos ao tempo de serviço congelado “não é tabu” para o Governo, mas essa é “uma discussão que não é compatível com o Orçamento do Estado para 2018”, vincou esta sexta-feira o primeiro-ministro, quando questionado em Gotemburgo sobre as reivindicações dos sindicatos da classe.

Na última madrugada, à saída de uma prolongada ronda de negociações no Ministério da Educação, a Fenprof sinalizava que a tutela estaria aberta a começar a pagar a reposição salarial do tempo de serviço sujeito a congelamento na corrente legislatura. Uma via aparentemente cortada por António Costa na Suécia, depois da cimeira social de líderes da União Europeia.
“Todos sabemos que não podemos ir mais longe do que aquilo que podemos ir”, disse António Costa.

“Confundiram-se duas discussões a propósito desta questão dos professores. Aquilo que está em debate no Orçamento do Estado é o cumprimento de um compromisso que assumimos: pôr fim ao congelamento de carreiras, de todas as carreiras da Administração Pública, e portanto pegar num cronómetro que está parado há vários anos e repô-lo a funcionar”, começou por responder o primeiro-ministro.

“É isso que está proposto no Orçamento do Estado e isso vai permitir aos funcionários do Estado, nas diferentes carreiras, já progredir em 2018”, prosseguiu.

Os professores, quis acentuar o governante, são “a categoria profissional onde há em número absoluto mais pessoas a poderem progredir na carreira e, em termos percentuais, os que mais progridem”.

“São 46 mil professores que vão já poder começar a progredir na sua carreira em 2018. Isto significa que o Orçamento do Estado devolve uma coisa que é fundamental, que é o direito à carreira da parte de todos os funcionários e não destrói a carreira, pelo contrário, está a devolver o direito à carreira”, apontou. Para logo acrescentar que “outro tema distinto é a discussão que foi agora aberta sobre o que é que acontece ao tempo em que o cronómetro esteve parado”.

“Esta discussão é uma discussão nova, muito difícil, pelo seu impacto financeiro, pela repercussão que necessariamente tem noutras carreiras e portanto temos uma discussão que não é compatível com este Orçamento do Estado para 2018, nem há condições financeiras em 2018 para lhe dar resposta”, clarificou Costa.
“Não é questão tabu”

O primeiro-ministro tratou de ressalvar que a reposição de rendimentos dos docentes “não é uma questão tabu”. António Costa considera, todavia, que a prioridade deve passar por prevenir congelamentos futuros.

“Nós não podemos dar hoje um passo à frente para dar dois passos atrás amanhã. Isso seria repetir uma história que ninguém aceita repetir, que ninguém quer repetir. E tenho a certeza de que os sindicatos e os profissionais são os primeiros, aliás, a não o querer fazer”, frisou.

Já esta sexta-feira, na Assembleia da República, o ministro das Finanças, Mário Centeno, havia apontado que cerca de 50 por cento dos docentes teriam progressões nas carreiras. E que mais de sete mil recém-contratados seriam colocados nos escalões previstos no próximo ano. Medidas com um impacto orçamental superior a 115 milhões de euros.

Em Gotemburgo, António Costa carregou na ideia: “Todos sabemos que nós não podemos ir mais longe do que aquilo que podemos ir”.

“E se há coisa que eu quero garantir aos portugueses é que o descongelamento que estamos hoje a fazer não é seguido daqui a uns anos de um novo congelamento, porque isso já aconteceu no passado e não pode voltar a acontecer no futuro e, por isso, nós temos de dar cada passo com segurança e determinação”, rematou.

c/ Lusa
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