Orçamento do Estado. "O que é natural é que seja viabilizado à esquerda"

por Carlos Santos Neves - RTP
“Aquilo que é desejável é que haja orçamento, é mesmo muito importante, e penso que o que é natural é que seja viabilizado à esquerda e não por outra solução” José Coelho - Lusa

O Presidente da República estimou esta quarta-feira como “natural” que a proposta de Orçamento do Estado para o próximo ano venha a ser viabilizada à esquerda. No Porto, Marcelo Rebelo de Sousa sustentou mesmo que “o bloco central não é uma solução duradoura, nem é uma boa solução para o equilíbrio do sistema político português”.

“Aquilo que é desejável é que haja orçamento, é mesmo muito importante, e penso que o que é natural é que seja viabilizado à esquerda e não por outra solução, até porque, como sabem a minha posição em matéria de bloco central é de considerar que o bloco central não é uma solução duradoura, nem é uma boa solução para o equilíbrio do sistema político português”, afirmou Marcelo Rebelo de Sousa, questionado pelos jornalistas à margem de uma visita à Torre dos Clérigos. O Presidente martelou a ideia de que é “muito importante” que a proposta de Orçamento do Estado não esbarre numa “inviabilidade”, dado que “tem de passar”.

Segundo o Chefe de Estado, a necessidade de equilíbrio do sistema político pede uma fórmula governativa suportada à esquerda e uma alternativa à direita na oposição. Isto porque se a solução no poder resultar em problemas os eleitores terão uma outra opção, na sua perspetiva.

“É isso que é natural, é isso que o Governo tem dito, é isso que resulta também do líder da oposição. Portanto, espero que isso aconteça e tenhamos Orçamento para entrar em vigor a partir de 1 de janeiro de 2021”, vincou Marcelo.

A votação na generalidade da proposta de Orçamento do Estado para 2021 está agendada para 28 de outubro. O documento dará entrada na Assembleia da República no dia 12 do mesmo mês. A votação final global acontece a 27 de novembro.Défice “aquém das piores previsões”

Quanto aos números do défice, conhecidos esta quarta-feira, o Presidente da República afirmou que ficaram “aquém das piores previsões”.
Lígia Veríssimo, Diana Bouça-Nova, José Pinto Dias, Luís Vilar - RTP

Marcelo lembrou que, no primeiro semestre deste ano, as receitas recuaram e as despesas aumentaram, “nomeadamente as sociais”
.

“Já sabíamos que ia ser um mau resultado”, reagiu o Chefe de Estado. “Vamos ver o que se passa no segundo semestre”, rematou.

A derrapagem das contas públicas foi, na primeira metade de 2020, de 5,4 por cento do Produto Interno Bruto, em contas nacionais.

“Tomando o conjunto do primeiro semestre de cada ano, o saldo das AP [Administrações Públicas] passou de -1,2 por cento do PIB em 2019 para -5,4 por cento em 2020”, indica o Instituto Nacional de Estatística nas Contas Nacionais Trimestrais por Setor Institucional.
Tópicos
pub