Os Verdes dizem que Orçamento "não tem pernas para andar"

por RTP

O PEV avisou que vai votar contra a proposta do Governo de Orçamento do Estado para 2022 (OE2022) e considerou que, tal como está, "não tem pernas para andar". No entanto, defendeu que ainda há tempo até à generalidade para encontrar soluções.

"Aquilo que `Os Verdes` consideram e transmitiram ao senhor Presidente da República foi que o orçamento, conforme está apresentado, na perspetiva de `Os Verdes`, não tem pernas para andar", disse o deputado e dirigente do Partido Ecologista Os Verdes José Luís Ferreira, à saída da audiência com Marcelo Rebelo de Sousa, no Palácio de Belém.

"Ainda assim, consideramos que há condições, há tempo, há espaço para, até ao dia da votação na generalidade, há condições para procurar soluções que possam viabilizar o orçamento", acrescentou.

"Se não é quando a economia está a crescer que se devolve o poder de compra às pessoas e que se valorizam os serviços públicos, então nunca haverá condições para investir nos serviços públicos e valorizar os salários", tinha argumentado José Luís Ferreira. 

"Os Verdes fizeram chegar ao Governo os cinco eixos que nós consideramos fundamentais. Depois de termos visto detalhadamente o orçamento aquilo que constatamos é que esses cinco eixos não tiveram reflexos no texto que nos foi entregue", lamentou o deputado.

Ónus de não haver Orçamento será imputado ao Governo

"O ónus de não haver orçamento" não poderá ser imputado aos partidos com quem negoceia o PS, mas sim ao Governo minoritário que "deveria fazer o máximo de esforços" para conseguir viabilizar o documento, defendeu o líder ecologista, após ter sido questionado pelos jornalistas sobre se, em cenário de eleições antecipadas na sequência de um eventual chumbo do orçamento, não teme que os partidos à esquerda do PS sejam penalizados.

"O ónus de não haver orçamento não pode ser imputado a nós, terá que ser imputado ao Governo que tem um Governo que sabe que não tem maioria no parlamento e, portanto, que deveria fazer o máximo de esforços para junto das outras forças políticas procurar soluções para viabilizar o orçamento", considerou.

Os Verdes, de acordo com o seu dirigente, olham para o OE2022 "sem dramatização, sem acenos de crise, sem pressões".

"Porque em crise já estão os portugueses e os serviços públicos há muito tempo. Se nós consideramos que este orçamento não responde às necessidades do país e dos portugueses é porque consideramos que este orçamento irá perpetuar essa crise que os portugueses já vivem", justificou.

José Luís Ferreira voltou depois a repetir: "o ónus não está deste lado".

O dirigente do PEV remeteu para o Conselho Nacional de sábado qualquer indicação de sentido de voto.

"Vamos ter amanhã Conselho Nacional, que é o órgão máximo entre convenções, onde vamos definir a linha que vai presidir à construção do nosso sentido de voto. Amanhã, do Conselho Nacional, certamente sairá uma decisão não relativamente ao voto forçosamente, mas ao caminho a seguir daqui até ao fim do prazo para a generalidade", respondeu apenas.

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