Num discurso que assinala o primeiro ano desde a tragédia de Pedrógão Grande e concelhos circundantes, o Presidente da República reconhece que os políticos e responsáveis estão “a fazer o que podem”, mas afirma que “é preciso mais”, num empenho duradouro. Para Marcelo Rebelo de Sousa, o país mudou “irreversivelmente” após os incêndios de 2017.
“E daqui a um ano? Quando estivermos a poucos meses das eleições estaremos cá os mesmos? Estarão os mesmos com a mesma preocupação, com a mesma mobilização? E no ano seguinte em que não há eleições? Estaremos os mesmos a retirar as lições do passado e a construir o futuro?”, perguntou Marcelo Rebelo de Sousa.
Alertando ainda para os perigos do “desconhecimento, o afastamento, a ignorância” em relação ao interior, Marcelo Rebelo de Sousa diz que o movimento para a mudança já arrancou, mas que é preciso “levar mais longe aquilo que já foi feito”.
Num discurso centrado na necessidade de mudança do país em relação ao interior, o chefe de Estado explicou que as intervenções que fez no passado "um pouco drásticas" relativamente à responsabilidade em relação aos incêndios não tinham "nada de tático, estratégico ou pessoal"."Responsabilidade coletiva"
Marcelo Rebelo de Sousa frisou ainda que o renascer do território já começou há muito mais tempo, seja na constituição da associação de vítimas, seja na forma como os autarcas se bateram por soluções, seja na atribuição de indemnizações às vítimas mortais e aos feridos, algo "sem precedentes no direito português".
"O renascer começou quando toda a sociedade portuguesa percebeu que havia uma responsabilidade sua, nossa, naquilo que se tinha passado”. Uma responsabilidade colectiva, com décadas, porventura, com séculos de inação ou de omissão", que criou "portugais" a diferentes velocidades, sublinhou.
O incêndio que deflagrou há precisamente um ano em Pedrógão Grande, a 17 de junho de 2017, alastrou a vários concelhos vizinhos e provocou 66 mortos e cerca de 250 feridos.
As chamas só foram extintas uma semana depois e destruíram meio milhar de casas, 261 das quais habitações permanentes, e 50 empresas.
Alguns meses depois, em outubro, os incêndios rurais que atingiram a região Centro fizeram 50 mortos, a que se somam outras cinco registadas noutros fogos, elevando para 121 o número total de mortos nos incêndios de 2017.
(com Lusa)