Portas profetiza queda do peso da dívida sobre a economia em ano de eleições

por RTP
O vice-primeiro-ministro foi convidado para uma conferência da publicação britânica <i>The Economist</i> Miguel A. Lopes, Lusa

A querer distanciar-se da convicção socialista de que a ascensão da dívida pública em 2014 é um emblema para o fracasso da austeridade, o vice-primeiro-ministro arriscou esta terça-feira o vaticínio de que o rácio começará em 2015 a mostrar “uma trajetória descendente”. Paulo Portas aproveitou ainda uma conferência da Economist para martelar a divisa do Governo: “Portugal não é a Grécia”.

Os últimos números do Banco de Portugal situam o rácio da dívida pública portuguesa sobre o PIB, no conjunto de 2014, em 128,7 por cento. Acima da fasquia colocada pelo próprio Governo de PSD e CDS-PP.

“Esta política de austeridade fracassou. Não produziu os resultados desejados e, pelo contrário, demonstra bem que contribui dia após dia para o enfraquecimento da nossa economia. Ao enfraquecer a nossa economia, agrava as nossas próprias condições financeiras”, afirmava na segunda-feira o secretário-geral do PS, António Costa, depois de conhecido o boletim do Banco de Portugal.


À luz dos critérios tidos em conta por Bruxelas, o peso da dívida sobre a economia ascendeu, no ano passado, sete décimas face ao conjunto de 2013. No cenário de base que o Governo inscreveu no Orçamento do Estado para 2015, estimava-se um rácio de 127,2 por cento.

Do terceiro para o quarto trimestre de 2014, a dívida recuou de 131,4 para 128,7 por cento do PIB. E é precisamente a partir deste comportamento trimestral que Paulo Portas avança agora com uma profissão de fé na “trajetória descendente”.
“Portugal terá em 2015 uma trajetória descendente na dívida pública, que cairá vários pontos”, clamou o vice-primeiro-ministro durante uma conferência promovida pela publicação britânica The Economist, em Cascais. Para então notar que o rácio da dívida “caiu com algum significado no último trimestre de 2014”.
“Portugal não é a Grécia”
A mesma conferência ofereceu ao número dois do Executivo o palco para o acentuar da ideia de que “Portugal não é a Grécia”. O que não significa, segundo Portas, que o Governo português queira alimentar “alguma antipatia” para com o novo poder executivo de Atenas.

“Todos queremos um final feliz, mas Portugal não é a Grécia. Temos uma situação diferente”, propugnou o vice-primeiro-ministro.

“Isto não significa uma antipatia perante a Grécia, mas uma amizade com Portugal. Eu não sou grego, eu não sou alemão. Sou português e europeu. E tenho de defender o meu país”, continuou.

O líder democrata-cristão lançou-se, depois, numa enumeração de diferenças entre os Estados português e helénico: Portugal foi submetido a um programa de resgate financeiro e a Grécia a dois, podendo agora “chegar ao terceiro”; os juros da dívida soberana portuguesa são menos pronunciados; as “instituições anteriormente conhecidas como a troika ainda estão na Grécia”.
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