Promessa de Rui Rio. PSD será "alternativa a esta governação com a extrema-esquerda"

por Graça Andrade Ramos - RTP
Miguel A.Lopes - Lusa

Três momentos marcaram o discurso inaugural de Rui Rio como presidente eleito do Partido Social Democrata, no início do 37.º Congresso. Gratidão a Passos Coelho e a Santana Lopes, um futuro baseado nos princípios “de sempre” do partido e uma promessa de alternativa de poder, a pensar nas próximas eleições.

Pela primeira vez, Rui Rio usou da palavra perante um Congresso do PSD na qualidade de líder, depois de ter sido eleito presidente em eleições diretas, face a Pedro Santana Lopes. O presidente eleito começou a discursar pelas 22h00, após o último discurso de Pedro Passos Coelho, que lhe passou a pasta.

Lembrando que os partidos existem para servir Portugal, Rio atacou a solução governativa, que, afirma, se mantém graças a uma “conjuntura económica favorável” que mascara as “fragilidades” inerentes.

Já no final do discurso, o novo líder assumiu que o PSD é alternativa.

Os sociais-democratas apresentar-se-ão “aos portugueses como uma alternativa forte e credível a esta governação presa à extrema-esquerda".

“Uma governação que, por força das contradições que em si encerra, não tem possibilidades de enfrentar e muito menos de resolver” as suas deficiências, atirou Rio.

“É claramente uma solução política que não tem qualquer hipótese de cuidar coerentemente do futuro de Portugal”, exclamou.

“O PSD apresentar-se-á como uma alternativa a esta governação com a extrema-esquerda”, prometeu o novo líder.
"Obrigada, Pedro"
Também o princípio do discurso Rui Rio tinha lembrado a herança pesada da anterior legislatura, aproveitando para saudar o serviço dos militantes e, sobretudo do anterior líder, Passos Coelho.

“Devemos todos neste momento, em que termina formalmente as suas funções de presidente do PSD, uma palavra de gratidão ao Pedro Passos Coelho”, referiu, provocando uma onda de aplausos.

“O que ficará destes oito anos não serão as críticas”, garantiu ainda, mas “um trabalho de governação que a História reterá como salvação nacional em face a uma situação quem, sem qualquer responsabilidade, herdou.”

“O tempo é o melhor juiz da nossa passagem deste mundo”, sublinhou o novo líder.

“Caro Pedro, muito obrigado pelo que fizeste pelo partido e por Portugal”, exclamou, arrancando um prolongado aplauso aos congressistas.

Foi depois a vez de Pedro Santana Lopes, que reagiu emocionado à homenagem. Rui Rio agradeceu-lhe a “coragem”, o “seu gosto dos combates políticos” e o cumprimento de “mais um ato de liderança ativa e empenhada”.

Palavras que também fizeram levantar o Congresso.
"Primeiro está Portugal"
A segunda parte do discurso foi dedicada ao “futuro do Partido Social Democrata”.

“Nada na vida tem futuro quando não somos capazes de relevar e interpretar o passado”, referiu Rui Rio, como primeiro momento da sua liderança.
 
“Comigo à frente do partido, iremos sempre fazer uma evolução em harmonia com a nossa história, sem ferir os nossos princípios de sempre, sem confrontos geracionais, sem sobressaltos ideológicos e sem roturas desnecessárias”, afirmou.

Depois, invocou palavras do fundador, Francisco Sá Carneiro:

“Primeiro está Portugal, depois o nosso partido e por fim a nossa circunstância especial”, lembrou Rio, que considerou a frase como o “pano de fundo” permanente da “nossa atuação política”.

“Os partidos existem para servir o país, não existem para dar corpo às suas pequenas táticas nem aos interesses dos seus dirigentes, nada deve condicionar a melhor decisão por Portugal” sublinhou, num primeiro ataque ao atual Governo.

“É Portugal que devemos ter sempre no horizonte”, lembrou o novo líder, referindo que isso se revela nos atos. “O povo percebe bem melhor do que se julga quando estamos a ser verdadeiros e quando estamos a ser falsos” referiu.
Ataque ao PS
“Portugal tem um conjunto de estrangulamentos estruturais que nenhum partido está capaz de resolver isoladamente e que condicionam fortemente o nosso desenvolvimento” disse, invocando a necessidade de um partido que coloque acima de tudo o superior interesse nacional e recorrendo ao diálogo para resolver com os outros o que sozinho “jamais conseguirá”.

Rui Rio pôs assim de lado “os parâmetros que valorizam a vertente tática de interesses menores muitas vezes ancorado num discurso de reserva mental”.

“É por aqui que devemos começar: pelos princípios, pelos valores e pela coerência” exclamou o novo líder, referindo a necessidade de sempre caminhar pela matriz da social-democracia.

“Novos problemas, novas soluções, mas sempre os mesmos princípios e os mesmos objetivos” que norteiam o PSD desde a sua fundação, sublinhou.

O que “nos distingue desde logo dos Governos que se preocupam mais em olhar para o presente e para a sua popularidade imediata e menos para a construção sólida e segura do nosso futuro coletivo” referiu Rio.
Começaram então os ataques ao PS e ao Governo de António Costa.

“Um governo que não aproveita um ciclo económico positivo para robustecer o futuro e preparar o país para os ciclos negativos é um governo que governa mal”, vaticinou o presidente eleito dos social-democratas, mesmo “quando parece que governa bem”.

Uma “governação mais preocupada em mostrar-se do que em fazer, em mostrar como seu mesmo aquilo de que não o é” criticou, lembrando um episódio em que o actual executivo festejou a abertura anunciada de um centro da Google em Oeiras, para depois ter de reconhecer que nada teve a ver com tal decisão ou iniciativa.

“Não sei se neste caso concreto estamos perante uma política patriótica e de esquerda ou de uma cedência ao grande capital, ironizou Rio.
"Hora de agir"
Foi o mote para ataques sucessivos à geringonça. E da promessa de alternativa.

Antes Rui Rio reconheceu o momento “difícil “ de falta de credibilidade dos partidos, para dizer depois que cabe aos partidos “inverter a situação” e de que “tem plena consciência do problema”.

“Não podemos ficar de braços cruzados, a hora não é de deitar a toalha ao chão, a hora é de agir”, exclamou Rui Rio, justificando a razão pela qual se candidatou à presidência.

“O nosso desafio é fazer do PSD um partido que percebe o que os portugueses querem”, sublinhou, ao mesmo tempo que “é preciso continuar a construir a aproximação entre os cidadãos e a democracia”.

Contudo tal não esgota o objetivo, a vitória eleitoral é um objetivo real.

“O PSD é um grande partido de poder e por isso o nosso objetivo é sempre ganhar”, lembrou o presidente eleito dos social-democratas, sem concessões.

“O PSD só está subordinado a um interesse, o interesse de Portugal” garantiu, assumindo-se como alternativa ao atual poder.
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