PSD. Conselho Nacional sem Santana foi "manifestação de unidade"

por Carlos Santos Neves - RTP
O presidente do Conselho Nacional do PSD, Paulo Mota Pinto, falou de uma “clara unidade unidade em torno da estratégia” de Rui Rio Manuel Fernando Araújo - Lusa

Quase cinco horas de discussão foram sintetizadas, na última madrugada, como uma “grande manifestação de unidade e apoio” ao sucessor de Pedro Passos Coelho na presidência do PSD. As palavras são de Paulo Mota Pinto, presidente do Conselho Nacional do partido, órgão que se reuniu pela primeira vez sob a liderança de Rui Rio. Questionado sobre a ausência de Pedro Santana Lopes, o líder escolheu o silêncio.

“Não houve nenhum tema de cisão ou de divisão neste Conselho Nacional”. Mota Pinto resumiu assim os trabalhos do órgão a que preside. Uma reunião num hotel do Porto com início agendado para as 21h00 de terça-feira, que atingiu o quórum pelas 21h15 e sobre a qual o pano só caiu às 2h00 desta quarta-feira.

Nesta primeira reunião do Conselho Nacional do PSD da era de Rui Rio foi eleito o novo secretário-geral do partido, após o afastamento de Feliciano Barreiras Duarte. O deputado José Silvano, antigo presidente da Câmara de Mirandela, recolheu 75 votos favoráveis, cinco nulos e 16 em branco - num universo de 96.
Mota Pinto afirmou que “ficou claro” que a hipótese de reedição do Bloco Central “está afastada da estratégia do partido”.

As políticas de resposta aos incêndios, o domínio da saúde e a situação do Montepio foram capítulos de relevo durante a reunião à porta fechada. O presidente do Conselho Nacional afiança que houve uma “grande manifestação de unidade e apoio” à “estratégia que tem vindo a ser prosseguida” por Rui Rio. Sem pôr de parte um “debate muito participado”.

“Saúdo uma grande manifestação de unidade e de apoio à estratégia do partido e o elevado nível dos contributos que foram realizados”, insistiu Paulo Mota Pinto.

“A preocupação que o PSD tem revelado pela degradação do Serviço Nacional de Saúde por virtude da falta de meios financeiros. É um problema muito sentido atualmente pelos portugueses. Alguma perplexidade pela preparação da época de incêndios. E o tema relativo à utilização de recursos financeiros significativos da Santa Casa Misericórdia de Lisboa para recapitalizar o Montepio”, enumerou.

Quanto ao banco e à possibilidade de entrada de capital da Santa Casa da Misericórdia do Porto, noticiada na terça-feira pelo jornal Público, Mota Pinto afirmou que só Rui Rio falou do tema, durante a intervenção de arranque da reunião.

O líder social-democrata, adiantou o presidente do Conselho Nacional, “deixou clara a diferença entre milhões e dez mil euros e também a diferença entre dinheiro público como é o da Santa Casa de Misericórdia de Lisboa e de dinheiro privado como é os das outras santas casas”.
“Nenhuma explicação”

O líder nada quis dizer sobre a ausência de Pedro Santana Lopes, adversário batido na corrida à liderança, nos trabalhos da Invicta, quando questionado pelos jornalistas.

“Dúvidas sobre o Conselho Nacional, têm aqui o senhor presidente do Conselho Nacional”, declarou Rui Rio, passando assim a bola a Mota Pinto.
Pouco antes, o presidente do Conselho Nacional mostrara-se já poupado em palavras ao falar do antigo primeiro-ministro.

“À mesa do congresso e a mim pessoalmente não foi dada nenhuma explicação. Venho aqui dar conta do Conselho Nacional. A atuação de outras pessoas não deve ser comentada por mim”, abreviou.
Um crítico “naturalmente disponível”
Para esta quarta-feira à noite, em Lisboa, está marcado um jantar com o intuito de assinalar a despedida de Luís Montenegro do Parlamento, o que ocorrerá formalmente no dia seguinte, quando terminar o debate quinzenal com o primeiro-ministro. Estão confirmados mais de 140 nomes à mesa. Luís Montenegro promete despedir-se do Parlamento “como se lá não fosse voltar, porque essa possibilidade existe”.

Rui Rio também recebeu um convite. Todavia, como assinala a agência Lusa, até ao final do dia de terça-feira a sua presença não fora ainda confirmada.

O ex-líder parlamentar do PSD, que subiu ao púlpito no último Congresso do partido para anunciar o adeus ao Parlamento e prometer vigilância sobre a nova liderança, será a voz de espaços mediáticos na TSF, na TVI24 e no Expresso. Em entrevista à Lusa, diz querer “contribuir para que o PSD possa afirmar a sua alternativa política e vencer as terceiras eleições consecutivas para a Assembleia da República”.

Agora também à margem dos órgãos nacionais do Partido Social Democrata, Montenegro admite que vai estar “naturalmente disponível” enquanto militante laranja de base, embora exclua, pelo menos por agora, percorrer o país em marcação política a Rio.

“Se acaso nessa circunstância de militante de base me chamarem, é natural que possa corresponder, mas não tenho nada previsto nesse sentido. Este é um tempo em que esse papel cabe aos atuais líderes, o líder do partido e o líder parlamentar”, frisou.

c/ Lusa
Tópicos
pub