Rangel candidato. Diretas no PSD marcadas para 4 de dezembro

por RTP
Mário Cruz - Lusa

O Conselho Nacional do PSD aprovou a realização de eleições diretas para 4 de dezembro e o 39.º Congresso para janeiro, em Lisboa. Paulo Rangel anunciou, durante a reunião, que é candidato à liderança do partido

"Não podemos ser mais o partido da espera, da espera em cair de maduro. Temos de ser o partido da esperança", afirmou, de acordo com relatos de conselheiros nacionais presentes na reunião à porta fechada.

À saída de um Conselho Nacional de cinco horas, Rangel não se alongou em declarações aos jornalistas, dizendo não querer “gastar as palavras hoje”, reservando-as para a apresentação pública da candidatura num hotel em Lisboa.

“Aqui apenas anunciei, por deferência ao órgão máximo do partido entre congressos, amanhã farei a apresentação, que tem de ser feita aos militantes porque são eles os votantes”, justificou.

Rangel considera que a “apresentação tem de ser feita aos militantes, porque eles é que são os votantes”.

Para o eurodeputado a alteração de datas proposta pela direção do PSD, colocaria o calendário interno do partido nas mãos do Governo.

Não vou estar aqui a atacar ninguém. Nem a diabolizar este ou aquele. Há uma coisa que realmente é estranha. É que o PSD ponha nas mãos do Dr. António Costa o seu próprio calendário interno. É uma coisa um pouco estranha”, acrescentou.

“Portanto, mais uma vez, o PSD entrega ao Dr. António Costa o supremo privilégio de escolher a data em que nós vamos a eleições”, rematou.
Rio preocupado
O Conselho Nacional do PSD chumbou a proposta da direção para adiar a marcação das eleições diretas e congresso. Houve 71 votos contra, 40 a favor e quatro abstenções. Assim mantem-se a proposta inicial da direção que previa diretas a 4 de dezembro e Congresso entre 14 e 16 de janeiro.

Rui Rio, o presidente do PSD, que tinha pedido a suspensão do calendário eleitoral interno, manifestou-se “bastante preocupado” com o chumbo da sua proposta e admitiu que essa decisão do Conselho Nacional o vai fazer “um parâmetro na equação” de se recandidatar à liderança.

“É um elemento do parâmetro ou é um parâmetro da equação. Isso é evidente que é um parâmetro da equação. Aquilo que o Conselho Nacional decidiu é totalmente contra aquilo que eu entendi que devia ser decidido. Neste momento o PSD está totalmente nas mãos daquilo que for o entendimento que possa haver ou não haver entre o Partido Comunista e o Partido Socialista, ou entre o Bloco de Esquerda e o Partido Socialista”, afirmou o Rui Rio aos jornalistas no final da reunião.


Para Rio “o PSD está completamente entregue ao destino com uma disputa interna. Nas disputas internas há sempre divergências. Há sempre que esteja de um lado ou do outro. Há desuniões que depois voltam a ser uniões mais tarde. E é nessas circunstâncias que o PSD pode estar. Não sei se vai estar ou não. Porque eu não sei se o Orçamento vai passar ou não. Agora, não depende é de nós. Nós entregamos na mão daquilo que possam ser os esforços que o PC e o PS neste momento devem estar a fazer para salvar o Orçamento”.

"Nunca vi na história do PSD o partido correr um risco desta dimensão, colocar-se numa situação de completa fragilidade", alertou.
A reação de Rio ao anúncio de Rangel
Antes, recusou responder a qualquer pergunta sobre o anúncio da candidatura de Paulo Rangel à liderança, feito durante o Conselho Nacional, dizendo que todos os militantes são livres de o fazer agora que está aberto o período eleitoral.

Ainda assim, deixou uma farpa, dizendo que sempre defendeu que "as coisas têm o seu tempo".

"Gosto de fazer isto com ética e com regras, havia um tempo das autárquicas, não andava aí a colher apoios para as diretas", afirmou, dizendo não estar a criticar ninguém "diretamente".

Sobre vazios de poder que se podem abrir no partido em caso de uma eventual crise política, respondeu que "o presidente do PSD chama-se Rui Fernando da Silva Rio".

"Foi eleito e está lá até haver um Congresso em que tome posse outro. Ou o mesmo", frisou.

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