Rio e Passos tentam a "transição suave" entre "alguma turbulência"

por Carlos Santos Neves - RTP
“Alguma turbulência, mas a gente vai resolver essa pequena turbulência”, acenou o líder eleito do PSD, questionado sobre o grau de união no seio do partido António Cotrim - Lusa

Foi para dar um primeiro passo oficial de uma “transição suave” que Rui Rio se reuniu esta quinta-feira com Pedro Passos Coelho. O processo, nas palavras do presidente cessante do PSD, é para conduzir “com naturalidade”. Mas o sucessor vê à partida “alguma turbulência” na estrutura laranja que é preciso “resolver”.

Prolongou-se por mais de hora e meia o encontro entre Rio e Passos Coelho na São Caetano à Lapa. Ambos falaram aos jornalistas no termo da reunião. E foram ambos omissos nos detalhes da passagem de testemunho.“Bem-vindo”, disse Passos Coelho ao receber Rui Rio, pelas 14h55, à entrada da sede do PSD.


Às perguntas sobre o grau de união no seio do PSD, entre as recentes eleições diretas e o congresso agendado para 16 e 18 de fevereiro, Rui Rio retorquiu com o diagnóstico de um partido a viver “alguma turbulência”.

“Mas a gente vai resolver essa pequena turbulência. Não sei se a turbulência é real ou é mais na comunicação social”, acrescentou o sucessor de Passos, antes de sintetizar o que o levou esta quinta-feira à sede nacional do principal partido da oposição.

“A primeira conversa que se impunha numa transição suave era justamente com o líder do partido”, disse, para em seguida enfatizar, uma vez mais, que Pedro Passos Coelho estará em funções até à reunião magna de Lisboa.

Rio ouviria Passos a “reconfirmar os parabéns” pela vitória sobre Pedro Santana Lopes nas diretas.

“Sendo certo que só a partir do congresso entra em funções, na verdade não podemos ignorar que já foi eleito e que há matérias que carecem de alguma articulação”, afirmou o ainda presidente do Partido Social Democrata.

“Entendo que é meu dever, havendo um líder eleito, ouvi-lo em alguns aspetos que considero mais relevantes”, continuou.
“Com frontalidade, sem hipocrisia”

Num breve resumo da conversa, Passos diria que “correu muitíssimo bem”, antevendo mesmo uma transição “com muita naturalidade, com muita responsabilidade”.“A casa é igual, tem mobiliário diferente, mas conheço a casa e as pessoas”, notou Rui Rio.

“O doutor Rui Rio, a partir do congresso, terá oportunidade, como líder do PSD, de encetar um ciclo novo na vida do partido”, afirmou o líder cessante. “Só quero desejar-lhe as maiores felicidades porque tudo o que correr bem à frente do PSD correrá bem ao país e aos portugueses”, reforçou.

Quanto à liderança do grupo parlamentar e ao futuro imediato de Hugo Soares, Passos Coelho escusou-se a tecer qualquer comentário: “Não vou entrar em nenhum detalhes sobre matérias que ou não me dizem respeito, ou vêm fora de tempo, terão desenvolvimentos ulteriores”.

Já Rui Rio estimou que a conversa a manter com o atual líder parlamentar, ainda sem data, deverá acontecer “com frontalidade, sem hipocrisia e com sinceridade de parte a parte”.

”É uma das muitas questões que têm de ser resolvidas. Se ainda não falei [com Hugo Soares], como é que pode estar resolvida?”, quis vincar o antigo autarca do Porto, que garantiu não ter ainda endereçado qualquer convite para posições nos órgãos nacionais.

“Nem eu sou fonte próxima de mim próprio porque ainda não comecei a pensar”, rematou.

c/ Lusa
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