Tancos: Marcelo evita comentar explicações e situação do ministro da Defesa

por Lusa

Lisboa, 20 set (Lusa) - O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, evitou hoje comentar as explicações que Azeredo Lopes prestou ao parlamento na terça-feira sobre o caso de Tancos e a sua situação enquanto ministro da Defesa Nacional.

À margem da cerimónia de abertura do ano académico na Reitoria da Universidade de Lisboa, questionado se ficou satisfeito com as explicações do ministro no plenário da Assembleia da República, o chefe de Estado e Comandante Supremo das Forças Armadas respondeu: "Não me pronuncio sobre debates parlamentares".

"Não me pronuncio sobre debates parlamentares - que, aliás, continuam", acrescentou Marcelo Rebelo de Sousa, perante a insistência dos jornalistas, numa alusão à audição parlamentar do ministro da Defesa, que teve início às 15:00 de hoje e decorria na altura em que falava aos jornalistas.

Pouco depois, interrogado se tem confiança no ministro da Defesa, o Presidente da República também não quis responder à questão. "Não faz sentido estar a fazer comentários laterais à cerimónia que nos une aqui", argumentou. "Estamos aqui, no meio académico, fala-se de academia, de educação, de universidade".

Marcelo Rebelo de Sousa evitou igualmente falar das contingências orçamentais do ensino superior, limitando-se a dizer que "todos os anos, ainda por cima agora coincidindo com o debate do orçamento, o tema financeiro é um tema inevitável".

O chefe de Estado disse ter "muitas saudades" de dar aulas, referindo que, se tivesse continuado professor da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, estaria a entrar no seu penúltimo ano letivo.

Por outro lado, escusou-se mais uma vez, a comentar a proposta do grupo de trabalho para a reforma da supervisão financeira na Assembleia da República para que o Presidente da República venha a nomear as "figuras de topo" do Banco de Portugal e do Conselho de Supervisão e Estabilidade Financeira.

"Eu não conheço o diploma", justificou, prometendo falar do assunto "na altura devida", quando conhecer os termos dessa iniciativa legislativa.

Na terça-feira, ouvido num debate de atualidade na Assembleia da República sobre o caso do material militar de Tancos, o ministro da Defesa revelou que foram abertos três processos disciplinares no Exército e que no dia 14 começou o esvaziamento dos paióis, com a colaboração da Polícia de Segurança Pública (PSP) e da Guarda Nacional Republicana (GNR).

Azeredo Lopes sustentou que o Governo "fez o que devia ser feito e num tempo muito curto", sem responder a perguntas dos deputados para que esclarecesse a afirmação, feita em entrevista ao Diário de Notícias e à TSF, de que, "no limite, pode não ter havido furto nenhum" em Tancos, aludindo à ausência de provas.

Face às perguntas dos deputados do PSD e do CDS-PP sobre "o que se sabe e o que não se sabe" relativamente ao "furto de material militar" em Tancos, o ministro insistiu que "são do domínio da autoridade judiciária competente", salientando que "o inquérito se encontra em segredo de justiça".

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