Um lacónico comunicado do Gabinete da ministra da Justiça refere que a visita de Francisca van Dunem a Angola foi adiada "a pedido das autoridades angolanas". A visita deverá ser reagendada.
O insólito pedido ocorre uma semana depois de o Ministério Público português ter acusado, entre outros, o vice-Presidente de Angola (e ex-presidente da Sonangol) Manuel Vicente, no âmbito da "Operação Fizz", relacionada com corrupção e branqueamento de capitais.
Contudo, até ao momento, nenhum responsável angolano comentou esta acusação. Quanto ao pedido de adiamento da visita da ministra portuguesa, não é conhecido qualquer motivo que o Governo angolano tenha invocado para justificá-lo.
Francisca Van Dunem, escolhida em novembro de 2015 por António Costa para ministra da Justiça, foi procuradora-geral distrital de Lisboa durante oito anos e fez toda a carreira profissional como magistrada no Ministério Público.
Nasceu em Luanda a 05 de novembro de 1955, no seio de famílias conhecidas de Angola - Vieira Dias, pelo lado materno e Van Dunem pelo paterno.
Francisca Van Dunem chegou a Portugal com 18 anos, para estudar direito, mas a revolução do 25 de Abril de 1974 apanhou-a no segundo ano do curso, tendo regressado temporariamente a Angola.
A ministra portuguesa é irmã de José Van Dunem, do setor ortodoxo e de obediência soviética do MPLA, e cunhada da militante comunista Sita Valles, ambos mortos na sequência do golpe de maio de 1977 em Angola.
(c/ Lusa)