Pela frente seriam confrontados com a terra de ninguém, com equipamento deficitário, com um treino limitado no uso da máscara de gás, com trincheiras lamacentas, com um frio de rachar, com a neve pela primeira vez.
Fonte: Arquivo Histórico Militar
Antes do embarque: muitos nunca tinham andado de comboio, muitos nunca tinham andado de barco, nem visto o mar...
Houvera motins antes do embarque em comboio para Lisboa, houve motins em Lisboa no embarque para França.
Os comboios de transporte de tropas eram organizados em Lisboa e de acordo com as autoridades navais britânicas. Ao longo de 1917, foram organizados dezassete comboios (navios) para transportar o CEP para França por mar.
Ilustração Portuguesa: Hemeroteca Municipal de Lisboa
No início de 1917, cerca de 20.000 homens foram chegando a Lisboa de comboio para embarcarem em navio até Brest, porque Espanha era neutral e não permitia a passagem de tropas beligerantes no seu território.
Ilustração Portuguesa: Hemeroteca Municipal de Lisboa
A Inglaterra pôs à disposição de Portugal sete navios de transporte que, juntamente com o Gil Eanes e o Pedro Nunes (o qual recebeu a alcunha de navio fantasma por conseguir esquivar-se aos submarinos alemães) conduziram o Corpo Expedicionário Português até ao porto de Brest. A viagem de navio fazia-se sob o perigo de minas e ataques de submarinos.
Fora assinada uma convenção com Inglaterra para o transporte das tropas portuguesas, cujo custo deveria ficar a cargo de Inglaterra, mas tal não foi cumprido pelos ingleses. Inicialmente repartido o transporte entre Portugal e Inglaterra, já no final de 1917 seria Portugal a assumir os encargos totais do transporte.
Os problemas começavam já a bordo, visto que os navios ingleses estavam preparados para viagens de apenas três horas e não de três dias. Os navios estavam sobrelotados e os homens viajavam junto aos animais, mantimentos e munições. Muitos soldados dormiam pelo chão nos corredores.
Ilustração Portuguesa: Hemeroteca Municipal de Lisboa
E muitos navios não partiam de imediato ficando ainda ancorados alguns dias ao largo de Lisboa.
Às más condições sanitárias e higiénicas dos navios, juntava-se a própria falta de hábitos de higiene de muitos homens. A sarna encontrou terreno fértil para propagar-se, o que fez com que muitos homens tivessem de ser internados logo após o desembarque em França. Outros soldados partiam de Portugal já com sífilis ou tuberculose. À chegada a França faltava ainda serem vacinados contra o tifo, ou a varíola. A vacinação levava à quarentena e a grande número de baixas. O que levou a mais um atraso na entrada na zona de combate.
Chegados a Brest havia navios de outros aliados ancorados no porto, pelo que as tropas tinham de ficar novamente à espera - dão-se novos motins o que faz acelerar o desembarque.
Fonte: Arquivo Histórico Militar
Mas a primeira recepção do povo francês foi muito positiva, como o foi aliás a qualquer tropa estrangeira que viesse ajudar os franceses. Na verdade, muitos não sabiam sequer o que era Portugal e éramos confundidos com russos ou italianos.
Ao todo e até Fevereiro de 1918, são transportados para França 58 mil portugueses.
E ainda, por via marítima: cerca de 8 mil solípedes (cavalos, burros, mulas), 1.500 viaturas e mais de 300 camiões.
Ilustração Portuguesa: Hemeroteca Municipal de Lisboa
De Brest até à zona pantanosa de Aire-sur-la-Lys o transporte era feito por via férrea numa longa viagem através da Flandres. Depois, para chegar aos vários batalhões, alguns homens têm de marchar entre dois a dez dias chegando já exauridos ao seu destino, com os pés em sangue... Ainda antes do combate.
Fonte: Arquivo Histórico Militar
Fonte: Arquivo Histórico Militar