Pobres que nunca tiveram espaço nos média dão vitória a Trump

por Rui Sá, João Fernando Ramos

Hillary Clinton reconhece a derrota e cita a bíblia para dizer que haverá mais oportunidades para chegar à Casa Branca. Trump promete reconstruir a América com um mega-plano de obras públicas. Toda a imprensa internacional de referência olha para a "surpresa" com um "mea culpa" que um olhar pelas capas e editoriais revela. "Os jornalistas reconhecem que há uma derrota dos média informativos", refere no Jornal 2 Felisbela Lopes, que fala em "choque e espanto, principalmente dos média norte-americanos".

As mulheres, que são a maioria, foram votar. As minorias, hispânicos incluídos, acorreram às urnas em massa para votar em Donald Trump.

"O que aconteceu foi uma construção social da realidade. Aquilo que os média interpretaram de forma literal, as pessoas entenderam como uma metáfora (p.ex. o muro que iria impedir a imigração ilegal na fronteira com o México)", explica Felisbela Lopes. A investigadora lembra que quem dá a vitória a Donald Trump nas urnas são milhões de famílias pobres que nunca viram a sua "história" chegar aos jornais ou aos alinhamentos dos telejornais.

Na América há outra realidade nova que os média informativos não anteciparam. Um Presidente, um Senado, um Congresso - uma só maioria republicana, conservadora, e determinada que os mercados acabaram por saudar depois de uma primeira reação de desconfiança que não chegou a durar mais do que as primeiras horas após a confirmação da vitória do candidato republicano.

O dólar recuperou face ao euro, o petróleo subiu de preço e as bolsas, que chegaram a cair globalmente cinco por cento, fecharam com ganhos em praticamente todos os mercados.
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