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Alemanha força posição comum da Europa sobre armas para Riade

por Carlos Santos Neves - RTP
“Para mim seria importante que pudéssemos chegar a uma posição europeia”, sublinhou o ministro alemão da Economia Fabrizio Bensch - Reuters

Depois de Berlim ter aplicado um travão à exportação de armamento para a Arábia Saudita, na sequência do desaparecimento do jornalista Jamal Khashoggi, o ministro alemão da Economia veio esta segunda-feira apelar a uma posição comum da União Europeia sobre este dossier. “Isso vai impressionar o Governo de Riade”, estimou Peter Altmaier.

“Para mim seria importante que pudéssemos chegar a uma posição europeia”, enfatizou o titular da pasta da Economia no Executivo de Angela Merkel, em declarações à estação pública alemã ZDF. Uma posição, sublinhou Altmaier, que é partilhada pelo ministro alemão dos Negócios Estrangeiros, Heiko Maas.
As autoridades alemãs deram luz verde, só este ano, a exportações de armamento para a Arábia Saudita num montante de 416,4 milhões de euros, de acordo com números citados pela France Presse.

“Se todos os ministros dos Negócios Estrangeiros europeus concordarem, isso vai impressionar o Governo em Riade”, vaticinou o governante.

Vinte e quatro horas depois de a chanceler alemã ter anunciado a suspensão da venda de armas ao regime de Riade, o ministro da Economia instou outras capitais a absterem-se de colmatar o impacto da decisão de Berlim.

“No que toca às exportações de armas, não podem ocorrer no momento atual. Concordo com todos aqueles que dizem que as exportações não podem interferir na situação em que estamos, mesmo que as vendas sejam já limitadas”, Afirmava Merkel no domingo, após uma reunião com elementos da sua formação partidária, a União Democrata Cristã.

Pedro Oliveira Pinto - RTP

Também o primeiro-ministro canadiano, Justin Trudeau, admitia, no domingo, suspender um contrato de venda de blindados às estruturas militares sauditas, num valor equivalente a 9,9 mil milhões de euros.
“Consultas entre Estados-membros”

A Comissão Europeia veio entretanto confirmar que estão em curso “consultas entre Estados-membros”, em diversos “níveis e contextos”, para estabelecer o impacto da morte do jornalista saudita nas relações entre a União e o reino.

“Obviamente, temos de vigiar de perto a investigação que está a decorrer e temos de avaliar o impacto provável que este caso vai ter nas nossas relações com a Arábia Saudita”, afirmou em conferência de imprensa a porta-voz para os Assuntos Externos da Comissão.

Maja Kocijancic lembrou também que a representante da União Europeia para a Política Externa, Federica Mogherini, reclamou no último fim de semana “uma investigação aprofundada, credível e transparente que esclareça as circunstâncias da morte” do jornalista e “force os responsáveis a assumir total responsabilidade”.

Jamal Khashoggi, colunista do jornal norte-americano The Washington Post e voz crítica do Governo sautida, entrou a 2 de outubro no consulado da Arábia Saudita em Istambul, tendo em vista obter um documento para casar com uma cidadã turca. Não voltou a ser visto.

O regime de Riade, que começou por garantir que Khashoggi saiu pelo próprio pé do consulado, reconhece agora que o jornalista morreu naquelas instalações. E fala já de “assassínio”. Terão sido detidos pelo menos 18 sauditas por suspeitas de envolvimento no caso.

c/ agências
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