Poluição do ar mata 500 mil por ano na Europa

por RTP
A concentração de partículas PM10 nos países europeus mediu-se através de um valor limite diário de concentração (50m3); Portugal está no verde em todo o país Yves Herman - Reuters

Um relatório europeu indica que a poluição do ar causa, todos os anos, perto de 500 mil mortes prematuras na Europa, devido à exposição a níveis nocivos de partículas finas (PM2.5).

O relatório publicado pela Agência Europeia do Ambiente (AEA) avisa que os habitantes das zonas urbanas são os maiores prejudicados. O estudo revela que cerca de 85 por cento dessas pessoas encontram-se expostas ao PM2.5 em quantidades consideradas nocivas pela Organização Mundial de Saúde.

"A poluição [do ar] é um assassino invisível, precisamos de esforçar-nos mais para abordar esta causa”, disse Hans Bruyninckx, presidente da AEA, citado pela BBC.

A AEA menciona, também, que foram detetados níveis perigosos de dióxido de nitrogénio (NO2), um gás tóxico produzido, principalmente, por automóveis e caldeiras centrais, responsável pela morte prematura de 79 mil europeus.

O ozono presente a nível do solo (O3), por sua vez, está acelerar a morte de cerca de 17.700 pessoas na Europa.

Estas partículas são demasiado pequenas para poderem ser vistas ou até cheiradas, mas o seu efeito nas pessoas é devastador. Algumas das consequências mais comuns da exposição a estes componentes são a provocação ou agravamento de doenças cardíacas, asma e cancro dos pulmões.

O relatório da AEA indica que as principais fontes da poluição do ar continuam a ser:

  • Meios de transporte a combustível;
  • Produção e distribuição de energia;
  • Edifícios comerciais, institucionais e habitacionais;
  • Indústria;
  • Agricultura;
  • Gestão de resíduos.
O perigo das partículas PM2.5
As partículas PM2.5 são, de longe, as mais perigosas. Estima-se que cerca de 422 mil europeus morrem prematuramente devido à exposição excessiva a este tipo de partículas, todos os anos. Para tal contribuem o seu diâmetro de apenas 2.5 mícrons, que lhes permite penetrarem mais profundamente nos nossos pulmões e a sua presença em muitas das atividades humanas comuns.

As PM2.5 encontram-se no exterior e no interior das nossas casas. O departamento de saúde do Estado de Nova Iorque explica que os principais produtores destas partículas nocivas, no exterior, são os automóveis ou a queima de recursos como óleo, carvão e madeira. As fontes interiores incluem o fumo do tabaco, cozinhar (em especial ao fritar, saltear e grelhar), queimar velas ou lâmpadas a óleo e acender lareiras ou ligar aquecedores a gás.
Os resultados de Portugal
O AEA conduziu diversas recolhas de dados estatísticos em diversos países europeus, incluindo Portugal. De seguida encontram-se os resultados do país em algumas das principais categorias.

A concentração de partículas PM10 nos países europeus mediu-se através de um valor limite diário de concentração (50m3). Portugal está no verde em todo o país (20-40m3), com exceção a Lisboa e Algarve, que se encontram no laranja (40-50m3), mas que ainda assim estão dentro dos níveis recomendados.

Países como Polónia, Itália e Turquia registaram os piores resultados, com várias regiões no vermelho (50-75m3) e azul-escuro, o pior nível (+75m3).

Relativamente às partículas mais agressivas PM2.5, Portugal registou baixos níveis de concentração. O país encontra-se no menor nível de concentração anual, que recomenda um valor limite de 25m3, em todo o país. Lisboa é novamente exceção, mas ainda assim cumpre o valor recomendado com registo anual de 10-20m3.

Portugal é o sexto país europeu com nível mais baixo de concentração de PM2.5 entre os 37 representados nesta categoria. Em Portugal, para além das emissões automóveis, os incêndios florestais são os principais produtores de PM2.5, já que - para além da grande quantidade de incêndios a que assistimos todos os anos - as proporções ínfimas destas partículas permitem-lhes viajar centenas de quilómetros, por todo o país, puxadas pelo vento.

A concentração de NO2 mediu-se através de um valor limite anual de 40m3. Portugal está no verde, com concentrações anuais de menos de 20m3, o nível mais baixo. As únicas exceções vão para a região do Porto com níveis 20-30m3 e Lisboa com um preocupante nível azul-escuro de +75 m3, o nível mais alto.

Portugal cumpre, de forma geral, nos diversos testes conduzidos pela AEA. Entre o total de 41 países presentes no relatório, o país está, sistematicamente, entre os dez melhores. Ainda assim, as partículas PM2.5, NO2 e O3 são responsáveis pela morte de 6.700 portugueses todos os anos.
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