Suécia à beira de novas eleições

por Graça Andrade Ramos - RTP
Stefan Lofven no Parlamento sueco a anunciar que desiste de formar Governo Reuters

O líder dos Sociais Democratas da Suécia, Stefan Lofven, desistiu esta segunda-feira de formar Governo, depois de o seu homólogo Ulf Kristersson, da Aliança de centro-direita, ter igualmente fracassado. O problema é que nenhum dos líderes quis dar ao partido anti-imigração Democratas Suecos uma palavra a dizer no Governo e nenhum detém maioria para governar sozinho.

A crise política dura há dois meses e poderá provocar novas eleições antecipadas. Neste período um Executivo provisório interino liderado por Lofven tem governado a Suécia.

Lofven, que liderou um Governo de esquerda nos últimos quatro anos, perdeu um voto de confiança enquanto primeiro-ministro a 25 de setembro. Dia 15 de outubro foi chamado para tentar onde Kristersson tinha falhado mas também ele desistiu agora.

As dificuldades em formar um Executivo podem virar-se contra os partidos tradicionais.

Os Democratas Suecos conseguiram nas últimas eleições de 9 de setembro votos suficientes para se tornarem no fiel da balança. São acusados de defender a supremacia da população branca seu discurso anti-imigração é atacado como xenófobo.

O seu líder, Jimmie Akesson, acredita que uma nova votação venha a aumentar ainda mais o votos que já obteve.
"Nenhuma indicação"

O bloco de Lovfen junta Sociais Democratas, Verdes e os comunistas do Partido de Esquerda. Obteve no início de setembro 144 deputados, um a mais do que a Aliança de centro e de liberais de Kristersson. Os Democratas Suecos, conseguiram 62 lugares.

Tanto Lofven como Kristersson disseram que ainda esperam ocupar o cargo de primeiro-ministro, mas nenhum apresenta formas de ultrapassar o bloqueio.

"Não vi nenhuma indicação de que alguém tenha mudado de ideias sobre o que quer que seja", afirmou mesmo Kristersson aos jornalistas, depois de se reunir com o presidente do Parlamento.

Os partidos do centro e liberais da Aliança bloquearam a escolha de Kristersson como primeiro-ministro, justificando a decisão com o facto de as suas propostas implicarem o apoio dos Democratas Suecos para formar Governo.

Para o apoiarem, apelaram a Loftven, que recusou integrar um tal Executivo e apoiar as ideias do centro-direita, exceto se fosse nomeado chefe do Governo.
"A caminho de uma nova eleição"
O líder do Parlamento poderá agora solicitar a Annie Loof, líder do Partido do Centro, que detém 31 assentos em 349, para formar Governo, numa tentativa de ultrapassar o impasse.

Loof poderá conseguir o apoio do Partido dos verdes, aliados de Stefan Lovfen, para o conseguir.

Akesson já afirmou que o seu partido irá votar contra qualquer Governo que recuse a participação dos Democratas Suecos. "A Suécia está a caminho de uma nova eleição, se ninguém estiver pronto a tentar alguma coisa que não seja a sua primeira escolha", vaticinou.
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