Uma ácida sucessão de tweets veio esta terça-feira acrescentar combustível à fogueira do mal-estar ocidental dado a observar antes, durante e após a deslocação do Presidente norte-americano a Paris, por ocasião do centenário do Armistício que pôs fim à I Guerra Mundial. Entre outras farpas, Donald Trump escreve que “não há país mais nacionalista do que a França”.
Sem aparente preocupação com o facto de os franceses recordarem esta terça-feira as vítimas dos atentados perpetrados em 2015 no coração de Paris, Donald Trump não poupou o Eliseu, ao deixar no ar a ideia de que os recentes discursos de Macron visaram mitigar o atual contexto em França.
Desde logo o que o 45.º Presidente norte-americano descreve como “a popularidade reduzida” do homólogo francês.
“O problema é que Emmanuel Macron sofre de uma muito fraca quota de popularidade em França, 26 por cento, e uma taxa de desemprego de quase dez por cento”, escreve o Presidente dos Estados Unidos num dos tweets.
The problem is that Emmanuel suffers from a very low Approval Rating in France, 26%, and an unemployment rate of almost 10%. He was just trying to get onto another subject. By the way, there is no country more Nationalist than France, very proud people-and rightfully so!........
— Donald J. Trump (@realDonaldTrump) 13 de novembro de 2018
“Já agora, não há país mais nacionalista do que a França”, lê-se noutra entrada, que antecede uma adaptação, em maiúsculas, do slogan de campanha de Trump: “Tornar a França grande outra vez”.
......MAKE FRANCE GREAT AGAIN!
— Donald J. Trump (@realDonaldTrump) 13 de novembro de 2018
Nesta série de tweets, é igualmente criticada a ideia, propugnada pelo Presidente francês, da criação de forças armadas europeias. Com remoques ao histórico aliado dos Estados Unidos sobre a ocupação alemã que os franceses viveram durante a II Guerra Mundial.
“Emmanuel Macron sugeriu a criação do seu próprio exército para proteger a Europa contra o Estados Unidos, a China e a Rússia. Mas foi a Alemanha na I e na II Guerra Mundial”, escreveu o Presidente norte-americano.
Emmanuel Macron suggests building its own army to protect Europe against the U.S., China and Russia. But it was Germany in World Wars One & Two - How did that work out for France? They were starting to learn German in Paris before the U.S. came along. Pay for NATO or not!
— Donald J. Trump (@realDonaldTrump) 13 de novembro de 2018
“Como é que isto correu para França? Eles começaram a aprender o alemão em Paris antes da chegada dos Estados Unidos”, acentuou.
Emmanuel Macron defendeu na semana passada a criação de um “verdadeiro exército europeu”. O Presidente francês invocou, em concreto, o que considerou ser a necessidade de contrariar o ascendente “da China, da Rússia e até mesmo dos Estados Unidos da América” no ciberespaço.
No acervo de posts desta terça-feira, Trump procura ainda justificar-se pelo cancelamento, no sábado, de uma deslocação ao cemitério americano da batalha de Belleau, no norte de França, por causa do mau tempo. Uma decisão que lhe valeu críticas externas e internas.
By the way, when the helicopter couldn’t fly to the first cemetery in France because of almost zero visibility, I suggested driving. Secret Service said NO, too far from airport & big Paris shutdown. Speech next day at American Cemetary in pouring rain! Little reported-Fake News!
— Donald J. Trump (@realDonaldTrump) 13 de novembro de 2018
“Quando o helicóptero não pôde voar para o primeiro cemitério em França por causa de uma visibilidade próxima de zero, sugeri uma viatura. O Serviço Secreto respondeu NÃO”, escreveu.
No mesmo dia que Donald Trump anulou a visita ao cemitério americano no norte de França, a chanceler alemã, Angela Merkel, e Emmanuel Macron visitaram um cemitério franco-alemão. E quando teve início o Fórum para a Paz, Trump esteve a solo no segundo cemitério americano que planeou visitar.
Os ataques de Trump a Macron enveredam também pela frente comercial.
On Trade, France makes excellent wine, but so does the U.S. The problem is that France makes it very hard for the U.S. to sell its wines into France, and charges big Tariffs, whereas the U.S. makes it easy for French wines, and charges very small Tariffs. Not fair, must change!
— Donald J. Trump (@realDonaldTrump) 13 de novembro de 2018
“O problema é que a França torna muito difícil aos Estados Unidos venderem o seu vinho em França e aplica taxas elevadas, enquanto os Estados Unidos facilitam isto para os vinhos franceses e aplicam taxas muito baixas”, conclui o Presidente dos Estados Unidos.