Trump dispara cinco tweets na direção do Eliseu

por Carlos Santos Neves - RTP
“Já agora, não há país mais nacionalista do que a França”, escreve o Presidente dos Estados Unidos na rede social Twitter Benoit Tessier - Reuters

Uma ácida sucessão de tweets veio esta terça-feira acrescentar combustível à fogueira do mal-estar ocidental dado a observar antes, durante e após a deslocação do Presidente norte-americano a Paris, por ocasião do centenário do Armistício que pôs fim à I Guerra Mundial. Entre outras farpas, Donald Trump escreve que “não há país mais nacionalista do que a França”.

Meia dezena de posts, cinco diatribes com um único destinatário: o Presidente francês, Emmanuel Macron, e as palavras que este deixou no último fim de semana, durante as cerimónias dos 100 anos do Armistício.
A Presidência francesa escusa-se a comentar a torrente de críticas de Donald Trump. “França não faz diplomacia via tweets”, reage o Eliseu.

Sem aparente preocupação com o facto de os franceses recordarem esta terça-feira as vítimas dos atentados perpetrados em 2015 no coração de Paris, Donald Trump não poupou o Eliseu, ao deixar no ar a ideia de que os recentes discursos de Macron visaram mitigar o atual contexto em França.

Desde logo o que o 45.º Presidente norte-americano descreve como “a popularidade reduzida” do homólogo francês.

“O problema é que Emmanuel Macron sofre de uma muito fraca quota de popularidade em França, 26 por cento, e uma taxa de desemprego de quase dez por cento”, escreve o Presidente dos Estados Unidos num dos tweets.


“Já agora, não há país mais nacionalista do que a França”, lê-se noutra entrada, que antecede uma adaptação, em maiúsculas, do slogan de campanha de Trump: “Tornar a França grande outra vez”.


Nesta série de tweets, é igualmente criticada a ideia, propugnada pelo Presidente francês, da criação de forças armadas europeias. Com remoques ao histórico aliado dos Estados Unidos sobre a ocupação alemã que os franceses viveram durante a II Guerra Mundial.

“Emmanuel Macron sugeriu a criação do seu próprio exército para proteger a Europa contra o Estados Unidos, a China e a Rússia. Mas foi a Alemanha na I e na II Guerra Mundial”, escreveu o Presidente norte-americano.


“Como é que isto correu para França? Eles começaram a aprender o alemão em Paris antes da chegada dos Estados Unidos”, acentuou.
“Um verdadeiro exército europeu”
Emmanuel Macron defendeu na semana passada a criação de um “verdadeiro exército europeu”. O Presidente francês invocou, em concreto, o que considerou ser a necessidade de contrariar o ascendente “da China, da Rússia e até mesmo dos Estados Unidos da América” no ciberespaço.

No acervo de posts desta terça-feira, Trump procura ainda justificar-se pelo cancelamento, no sábado, de uma deslocação ao cemitério americano da batalha de Belleau, no norte de França, por causa do mau tempo. Uma decisão que lhe valeu críticas externas e internas.


“Quando o helicóptero não pôde voar para o primeiro cemitério em França por causa de uma visibilidade próxima de zero, sugeri uma viatura. O Serviço Secreto respondeu NÃO”, escreveu.

No mesmo dia que Donald Trump anulou a visita ao cemitério americano no norte de França, a chanceler alemã, Angela Merkel, e Emmanuel Macron visitaram um cemitério franco-alemão. E quando teve início o Fórum para a Paz, Trump esteve a solo no segundo cemitério americano que planeou visitar.

Os ataques de Trump a Macron enveredam também pela frente comercial.


“O problema é que a França torna muito difícil aos Estados Unidos venderem o seu vinho em França e aplica taxas elevadas, enquanto os Estados Unidos facilitam isto para os vinhos franceses e aplicam taxas muito baixas”, conclui o Presidente dos Estados Unidos.
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