Elisa Ferreira tem "todas as capacidades" para ser comissária com "peso político"

por Lusa

Elisa Ferreira tem "todas as capacidades" para ser "uma comissária que não seja dominada pela administração, mas que domine a administração" e com "peso político", prevê o presidente da comissão de Desenvolvimento Regional do Parlamento Europeu.

Em declarações após a comissão parlamentar de Desenvolvimento Regional ter aprovado a nomeação de Elisa Ferreira como comissária da Coesão e Reformas do futuro executivo comunitário de Ursula Von der Leyen, Younous Omarjee indicou que a comissão a que preside fez uma "avaliação muito positiva" da audição da comissária indigitada por Portugal.

"Pensamos que a comissária tem todas as capacidades para ser uma comissária forte, uma comissária que não seja dominada pela administração, mas que domine a administração, e uma comissária com peso político no seio do colégio de comissários", defendeu Younous Omarjee.

O presidente da comissão e os coordenadores dos grupos políticos que participaram na reunião à porta fechada e que, por unanimidade, deram o aval positivo à política portuguesa -- a coordenadora do Identidade e Democracia saiu da sala antes da votação -- sentiram que a comissária indicada por Portugal partilha a ambição do Parlamento Europeu (PE) de que "a política de coesão recupere o seu lugar nas políticas europeias".

"Notamos com grande satisfação que ela dará o seu apoio ao PE nas negociações orçamentais com o Conselho [Estados-membros], e que ela se manifestou contra os cortes", salientou.

O presidente da REGI (Desenvolvimento Regional) elogiou ainda a audição "de grande qualidade" de Elisa Ferreira, considerando que não só as perguntas colocadas pelos eurodeputados cobriram "todas as matérias", como a comissária indigitada deu "respostas muito completas", que satisfizeram os coordenadores daquela comissão parlamentar.

"Continuaremos extremamente atentos aos compromissos e ambições que exprimiu e que sejam concretizadas, precisamos de uma boa parceria entre a comissão REGI e a comissária. Creio que ela viu que nós seremos exigentes e que nós vimos que teremos uma comissária competente e de grande qualidade, e que tem uma ambição para a política regional", avaliou.

Younous Omarjee informou ainda que as duas comissões -- a dos Orçamentos e a dos Assuntos Económicos e Monetários -- que participaram na audição na condição de comissões associadas enviaram "pareceres no mesmo sentido" da sua comissão.

Elisa Ferreira foi aprovada "tecnicamente" por unanimidade por todos os grupos da comissão parlamentar de Desenvolvimento Regional, uma vez que a coordenadora do ID-Identidade e Democracia (extrema-direita), Francesca Donato, que se manifestou contra a aprovação da portuguesa, saiu da sala antes do voto.

Sobre a opção do grupo ID, Omarjee não quis pronunciar-se, vincando que "o que conta são os membros presentes no momento do voto" e que, nesse momento, "houve unanimidade".

A Elisa Ferreira resta agora esperar pelo final das audições, que decorrem até 08 de outubro, e pelo voto do Parlamento Europeu ao colégio de comissários no seu todo, agendado para 23 de outubro, devendo entrar em funções a 01 de novembro, com a restante "Comissão Von der Leyen", que sucede ao executivo comunitário de Jean-Claude Juncker.

Caso o Parlamento Europeu aprove o colégio de comissários, a política portuense tornar-se-á a primeira mulher portuguesa a integrar o executivo comunitário desde a adesão de Portugal à comunidade europeia (1986), sucedendo a Carlos Moedas, que foi comissário indicado pelo governo PSD/CDS-PP, e que teve a seu cargo a pasta da Investigação, Ciência e Inovação e foi nomeado em novembro de 2014.

Elisa Ferreira, 63 anos, foi ministra dos governos chefiados por António Guterres, primeiro do Ambiente, entre 1995 e 1999, e depois do Planeamento, entre 1999 e 2002, foi eurodeputada entre 2004 e 2016, tendo ocupado desde setembro de 2017 o cargo de vice-governadora do Banco de Portugal.

Tópicos
pub