Andaluzia poderá ser governada por coligação de direita

por Joana Raposo Santos - RTP
A taxa de abstenção nas votações ultrapassou os 41 por cento Jon Nazca - Reuters

O conservador Partido Popular (PP) espanhol e o partido de centro-direita Ciudadanos admitiram a possibilidade de formar uma aliança com o Vox, partido de extrema-direita que no domingo garantiu um lugar no Parlamento Regional da Andaluzia.

Esta não é, porém, a primeira opção de Albert Rivera, líder do Ciudadanos, que propõe que o PP e o Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE) apoiem um Governo encabeçado pelo seu candidato, Juan Marín, que no domingo ficou em terceiro lugar nas urnas.

O Ciudadanos obteve um total de 21 deputados, mais 12 do que possuía anteriormente, enquanto o PP viu este número descer de 33 para 26, garantindo o segundo lugar nas votações. Em primeiro ficaram os socialistas, apesar de também eles terem visto o número de deputados diminuir de 47 para 33.

Caso uma coligação de centro-esquerda não seja possível, o Ciudadanos não descarta a possibilidade de uma união à direita, juntando-se assim ao Vox, partido que apenas recentemente alcançou destaque na política espanhola e cujos ideais passam por políticas de anti-imigração e pela revogação da lei do aborto.

José Manuel Villegas, secretário-geral do Ciudadanos, admitiu também que um acordo com o Vox é uma possibilidade. “Hoje vejo-me incapaz de descartar qualquer cenário”, confessou, frisando que não consegue aceitar um Governo liderado pelo PSOE. 
A taxa de abstenção nas votações ultrapassou os 41 por cento.

“Haverá um novo Governo onde não estará o PSOE, onde não estará Susana Díaz”, afirmou, referindo-se à atual Presidente da Andaluzia que é também principal rosto dos socialistas. “Esta nova etapa não pode ser protagonizada por quem perdeu 50 por cento do apoio”, acrescentou. 

Juan Marín é da mesma opinião, tendo afirmado no Twitter que o seu partido "não irá apoiar Susana Díaz nem o PSOE pois estes não querem a regeneração política e não cumpriram com o acordo a que chegaram na passada legislatura".

“Acabar com o regime socialista”
Também o Partido Popular se mostrou aberto a uma coligação de direita. Santiago Abascal, líder do Vox, já foi membro do PP. Um eventual acordo seria, porém, difícil de alcançar, visto que ambos os partidos insistem em liderar o Governo.

O candidato do PP, Juan Manuel Moreno, mostrou-se aberto à união mas alertou que “o limite [das negociações com o Vox] é a Constituição”.

Francisco Serrano, candidato do Vox, não se opõe à ideia de uma coligação. “Não seremos obstáculo para acabar com o regime socialista”, afirmou. O partido de extrema-direita já avançou que irá colocar sobre a mesa o seu programa em futuras conversações com os partidos que pretenderem uma coligação.

“Exigiremos que o imposto sobre heranças seja suprimido e que sejam revogadas as leis ideológicas contra a violência machista”, declarou o líder do Vox, Santiago Abascal. Estas condições poderão ser um entrave à união com o Ciudadanos, que defende a luta contra a violência de género.
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