O conservador Partido Popular (PP) espanhol e o partido de centro-direita Ciudadanos admitiram a possibilidade de formar uma aliança com o Vox, partido de extrema-direita que no domingo garantiu um lugar no Parlamento Regional da Andaluzia.
O Ciudadanos obteve um total de 21 deputados, mais 12 do que possuía anteriormente, enquanto o PP viu este número descer de 33 para 26, garantindo o segundo lugar nas votações. Em primeiro ficaram os socialistas, apesar de também eles terem visto o número de deputados diminuir de 47 para 33.
Caso uma coligação de centro-esquerda não seja possível, o Ciudadanos não descarta a possibilidade de uma união à direita, juntando-se assim ao Vox, partido que apenas recentemente alcançou destaque na política espanhola e cujos ideais passam por políticas de anti-imigração e pela revogação da lei do aborto.
José Manuel Villegas, secretário-geral do Ciudadanos, admitiu também que um acordo com o Vox é uma possibilidade. “Hoje vejo-me incapaz de descartar qualquer cenário”, confessou, frisando que não consegue aceitar um Governo liderado pelo PSOE.
A taxa de abstenção nas votações ultrapassou os 41 por cento.
“Haverá um novo Governo onde não estará o PSOE, onde não estará Susana Díaz”, afirmou, referindo-se à atual Presidente da Andaluzia que é também principal rosto dos socialistas. “Esta nova etapa não pode ser protagonizada por quem perdeu 50 por cento do apoio”, acrescentou.
Juan Marín é da mesma opinião, tendo afirmado no Twitter que o seu partido "não irá apoiar Susana Díaz nem o PSOE pois estes não querem a regeneração política e não cumpriram com o acordo a que chegaram na passada legislatura".
Também o Partido Popular se mostrou aberto a uma coligação de direita. Santiago Abascal, líder do Vox, já foi membro do PP. Um eventual acordo seria, porém, difícil de alcançar, visto que ambos os partidos insistem em liderar o Governo.“Acabar com o regime socialista”📻 @JuanMarin_Cs "Es el momento de un gobierno de cambio en Andalucía; ya dijimos que no íbamos a apoyar a Susana Díaz ni al PSOE porque no quieren la regeneración política e incumplieron el acuerdo al que llegamos en la pasada legislatura" en @LasMananas_rne
— Ciudadanos (@CiudadanosCs) 3 de dezembro de 2018
O candidato do PP, Juan Manuel Moreno, mostrou-se aberto à união mas alertou que “o limite [das negociações com o Vox] é a Constituição”.
Francisco Serrano, candidato do Vox, não se opõe à ideia de uma coligação. “Não seremos obstáculo para acabar com o regime socialista”, afirmou. O partido de extrema-direita já avançou que irá colocar sobre a mesa o seu programa em futuras conversações com os partidos que pretenderem uma coligação.
“Exigiremos que o imposto sobre heranças seja suprimido e que sejam revogadas as leis ideológicas contra a violência machista”, declarou o líder do Vox, Santiago Abascal. Estas condições poderão ser um entrave à união com o Ciudadanos, que defende a luta contra a violência de género.
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