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Imigração e fronteiras marcam primeiro debate das eleições europeias em França

por Lusa
Debate durou cerca de três horas e meia e contou com 12 `cabeças de lista` às eleições europeias em França Reuters

O primeiro debate das eleições europeias entre os 12 cabeças de lista em França centrou-se nos temas da imigração no continente e nas fronteiras dentro e fora da União Europeia.

O debate difundido pela France 2, canal público de televisão, durou cerca de três horas e meia e contou com 12 `cabeças de lista` às eleições europeias em França, focando-se maioritariamente nas políticas migratórias da União Europeia, desde a receção de refugiados aos migrantes económicos, nas fronteiras, na própria permanência da França no projeto europeu e nas questões ambientais.

Mesmo antes de começar, este debate foi alvo de polémica, já que Benoît Hamon, do movimento Génération-s, Florian Philippot, do partido Les Patriotes, e François Asselineau, do UPR, não tinham sido convidados a participar e recorreram à Justiça, tendo o juiz sido favorável aos candidatos, subindo assim para 12 o número de cabeças de lista presentes.

A discussão entre os candidatos começou com o `Brexit`, com Nathalie Loiseau, candidata do Republique en Marche - partido que levou Emmanuel Macron ao poder - a afirmar que o processo está a ser "uma catástrofe".

Já Yannick Jadot, cabeça de lista dos ecologistas, afirmou que o impasse no Reino Unido só mostra "a mediocridade da classe política" do outro lado do Canal da Mancha.

No entanto, a extrema-direita aplaudiu a decisão da população britânica, sugerindo que a França deveria tomar o mesmo caminho. Sem defender atualmente a saída da França da União Europeia, o Rassemblement National (RN) - antiga Frente Nacional de Marine Le Pen - enalteceu a decisão do país vizinho.

"Cada país deve tomar conta da sua política migratória, do seu orçamento e da sua política económica. O Reino Unido fez uma escolha clara, a da democracia de deixar a prisão que é a União Europeia", afirmou Jordan Bardella, cabeça de lista do RN.

O tema da imigração também dividiu os candidatos, com a extrema-direita a defender o fecho das fronteiras aos refugiados e imigrantes económicos. "Schengen não funciona. É preciso voltar às fronteiras nacionais. E as fronteiras não são muros, são como uma porta. Se vivermos num prédio, não tiramos as portas do nosso apartamento, senão vão ocupar-nos a casa e usar o nosso frigorífico", defendeu Nicolas Dupont-Aignan, do partido Debout la France que apoiou Marine le Pen nas últimas presidenciais.

Já o candidato da direita, preferiu não se comprometer com uma posição muito dura. "Nós devemos acolher aqueles que precisam de ajuda, mas precisamos acolher com dignidade", disse François-Xavier Bellamy do Les Républicains, indicando como exemplo os acampamentos de migrantes e refugiados no bairro de La Chapelle, em Paris.

O candidato socialista, Raphaël Gluscksmann, aproveitou o momento para criticar o acordo entre a União Europeia e a Turquia, atingindo também o Presidente Macron. "Vamos criar uma nova política europeia de asilo e saímos do sistema de Dublin. (...) Emmanuel Macron foi eleito com uma promessa de humanismo. E hoje, fechamos as portas ao Aquarius", afirmou.

O elevado número de candidatos presentes no estúdio, levou muitas vezes a conversas paralelas e momentos em que se tornou impossível entender o que diziam, levando os moderadores a subir o tom de voz mais do que uma vez, caindo o debate numa cacofonia, como foi referido pelos intervenientes e pelas análises dos meios de comunicação franceses.

O tema em que os candidatos mais concordaram foi a questão ambiental, nomeadamente o fim da utilização do glifosato na agricultura e as metas de redução de consumo de combustíveis, embora tenham divergido na melhor forma de as alcançar.

"Quando a UE assina permanentemente acordos de livre comércio, quando continuamos com uma PAC (Política Agrícola Comum) de ultra produção, não é possível. Não é possível ser ecologista nesta União Europeia ultraliberal", disse Florian Philippot, líder do Les Patriotes e antigo protegido de Marine Le Pen.

Também a extrema-esquerda criticou o posicionamento europeu e francês. "Tenho a impressão que falamos muito de ecologia, mas faz-se muito pouco. (...) Para financiar a transição ecológica é preciso lutar contra a evasão fiscal e acabar com os limites orçamentais. Podemos viver com 3% de défice, mas não podemos viver com mais três graus na temperatura", disse Manon Aubry, cabeça de lista da France Insoumise.

A França elege 79 eurodeputados e a campanha vai começar oficialmente a 13 de maio, sendo possível apresentar listas ao escrutínio europeu até dia 03 de maio.

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