ZERO reclama revisão da lei após novo surto de legionella

por RTP
A estrutura ambientalista tomou posição “na sequência de mais um episódio de contaminação com <i>Legionella pneumophila</i> com efeitos dramáticos na mortalidade e morbilidade” Bobby Yip - Reuters

O surto da doença dos legionários no Hospital São Francisco Xavier, em Lisboa, que já causou pelo menos duas mortes, leva a associação ambientalista ZERO a reclamar a “alteração da atual legislação sobre qualidade do ar interior”. Esta estrutura defende que “o ónus tem de estar na prevenção, não na inspeção”.

“Na sequência de mais um episódio de contaminação com Legionella pneumophila com efeitos dramáticos na mortalidade e morbilidade, a ZERO considera que este é mais um alerta que deve conduzir à alteração da atual legislação sobre qualidade do ar interior”, lê-se num comunicado da associação ambientalista.A Direção-Geral da Saúde indicou ao início da noite que o número de casos confirmados da doença dos legionários subiu para 35. Um outro caso está sob investigação e cinco pessoas permanecem nos cuidados intensivos.
A ZERO – Associação Sistema Terrestre recorda que em 2006 o país “aproveitou a oportunidade de transposição de legislação europeia para desenvolver o Sistema de Certificação Energética integrando a Qualidade do Ar Interior”.

“Este sistema integrado foi um dos mais progressistas em toda a Europa. Os custos associados às auditorias obrigatórias conduziu a uma mudança de abordagem e em 2013 foram retiradas as inspeções preventivas, que é absolutamente necessário corrigir”, prossegue a estrutura ambientalista.

“No sistema de 2006, a realização de auditorias tinha lugar a cada dois anos em escolas, hospitais, clínicas; a cada três anos em edifícios de serviços, comerciais, turismo, transportes, culturais; e a cada seis anos para os restantes casos”, lembra ainda a ZERO, para sustentar que “tais auditorias devem ser restauradas”, mesmo que ocorram “ajustamentos na periodicidade e/ou na abrangência”.

A associação acentua a ideia de que as “auditorias obrigatórias são uma componente fundamental que se perdeu e que devem voltar a existir”, uma vez que tal prática pode levar à deteção de “um conjunto de deficiências dos próprios sistemas de climatização”.
“Claras deficiências”
A ZERO considera que a obrigatoriedade do “cumprimento dos valores-limite”, somente “no caso de serem desencadeadas inspeções em caso de denúncia”, não conduz a “uma adequada política de salvaguarda da saúde pública e de prevenção de incidência de doenças como a doença do legionário”.

A associação, lê-se no mesmo texto, “considera que em inúmeros serviços, e tendo em conta muitas medições divulgadas por estudos desenvolvidos por universidades nos últimos anos, há claras deficiências na qualidade do ar interior, para além da contaminação microbiológica”.

“Tais problemas merecem ser devidamente acompanhados, em particular em estabelecimentos mais sensíveis como escolas ou hospitais, nomeadamente no que respeita aos teores de dióxido de carbono e renovação do ar”, estima a ZERO

Referindo-se ao surto de há três anos em Vila Franca de Xira, o comunicado acrescenta que se impõe “garantir um sistema de inspeção e responsabilidade de contaminação microbiológica do ar exterior, em linha com o problema identificado no surto de 2014 e que poderá também estar relacionado com o atual episódio”.
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