Primeira mulher senegalesa na rota do surf profissional

por RTP
"Quando estou na água sinto algo extraordinário, algo especial no meu coração" Foto: Zohra Bensemra / Reuters

Khadjou Sambe tem 25 anos e é a primeira mulher surfista profissional no Senegal. Sambe propõe-se mudar mentalidades através da prática do surf ajudando as novas gerações de raparigas senegalesas.

Cresceu em Dakar e enfrenta as ondas numa prancha desde os 14 anos.

Khadjou Sambe relembra a sua felicidade quando apanhou a primeira onda e se manteve de pé na prancha. 

Nunca temeu o mar e desenvolveu um "estilo de surf livre e selvagem que precisou de ser domado para se adaptar à estrutura das competições da modalidade" revela a sua treinadora, Rhonda Harper.

Descendente do grupo étnico Lebou, Khadjou reconhece as dificuldades iniciais. Era a única rapariga a surfar as ondas de Dakar e seus pais diziam que Sambe envergonhava a família. 

"A minha determinação foi forte o suficiente para que os meus pais mudassem de opinião."

Foto: Zohra Bensemra / Reuters

No ano de 2018, Khadjou foi captada para a escola de surf na Califórnia, pela mão de Rhonda Harper. Esta americana fundou e desenvolveu a escola Black Girls Surf para dar formação a mulheres negras com vontade de atingirem a categoria profissional na modalidade. Harper e a sua BGS procuram mulheres surfistas em África para colmatar a falta de representatividade de atletas de categoria profissional provenientes desta região.

Sem dinheiro na algibeira e parcas palavras do idioma inglês, Khadjou chegou aos Estados Unidos, onde passou a ser treinada por Rhonda. Nas ondas da Califórnia, a mentora americana imprimiu o sentimento de confiança em Sembe e ensinou-lhe estratégias para aproveitar todo o seu talento na prancha.

A energia de Sambe, quando cavalga as ondas, é comparada a um tornado. Harper caracteriza a jovem de 25 anos como uma surfista muito dinâmica.

Foto : Zohra Bensemra / Reuters

Khadjou Sambe verifica as pranchas de surf enquanto conversa com a americana Rhonda Harper, sua treinadora. Atualmente, Sambe inaugurou uma sucursal da escola de treino BGS em Dakar.
 
Foto : Zohra Bensemra / Reuters  

"Quando acordo de manhã penso sempre para comigo que tenho uma missão para cumprir, representar o Senegal como mulher negra e surfista profissonal, levar o meu país a todos os recantos do mundo. Não posso desistir."

Foto: Zohra Bensemra / Reuters

Khadjou Sambe é uma inspiração para as novas gerações de jovens raparigas da escola Black Girls Surf. Sambe tem incentivado as senegalesas a pegarem nas pranchas, treinando-as, mar adentro, contribuindo para a autoestima das adolescentes e a mudança de mentalidades.

Foto: Zohra Bensemra / Reuters

Os habitantes de Ngor já se acostumaram a ver Sambe passar com a sua prancha. Contemplando o oceano, Khadjou acredita que o desenvolvimento da força física e mental  das raparigas através da prática do surf irá ter impacto na sociedade senegalesa. Tratar da casa, cozinhar, casar cedo é o que se espera das jovens, diz Khadjou, mas insiste em aconselhar as principiantes na modalidade a "não darem ouvidos" aos comentários desfavoráveis. 

Há que quebrar o modelo conservador. Tanto no Senegal, como no resto do mundo. "Vão em frente, todas vocês têm de acreditar que podem surfar".

Para Sambe, o surf mudou a sua vida, deu-lhe força e corajem para atingir o nível profissional. Sente que representa a luta de todas as raparigas negras na emancipação feminina.





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