ESA quer imprimir objetos tridimensionais com material lunar

por Nuno Patrício - RTP
Os futuros astronautas podem servir-se da lua como base material para a construção dos habitats lunares. Foto: NASA/DR

Ter uma base lunar é um velho sonho da humanidade, bem como das agências espaciais terrestres. O desafio principal é a própria construção dessa estrutura. Para já, a solução está em construir todo o material por cá, colocá-lo em órbita e levá-lo até à Lua. Mas as impressoras 3D podem fornecer uma alternativa.

Desde os anos 60 do século passado, a estrutura de construção de uma colónia lunar praticamente não se alterou. O que mudou foi a tecnologia usada no processo.

Atualmente, a maior parte dos planos para a construção sustentável de uma base extra-terrestre supõe que terão de ser usados recursos locais em vez de transportar tudo da Terra.

E foi precisamente nesse sentido que a Agência Espacial Europeia (ESA) criou um monte de poeira de lua falsa (rególito) e usou este material para imprimir pequenos objetos, como parafusos, engrenagens e até mesmo uma moeda de cinco cêntimos.Os objetos usados na construção, reparação e substituição nas futuras bases espaciais podem passar pela utilização de tecnologia usada já nas fábricas de cerâmica e porcelana.

Até agora a criação de objetos físicos através da impressão passa por um composto em plástico ou metal à base de carbono. Material que não está disponível na Lua.

Se não há esta matéria-prima, por que não usar o que já lá está? A experiência foi feita com recurso a material mineral igual ao existente na Lua (rególito) e  chegou-se à conclusão de que era possível criar uma espécie de cerâmica lunar.

Estes são os objetos já criados através de impressão 3D com mineral lunar falso. (ESA–G. Porter, CC BY-SA 3.0 IGO)

De acordo com informação disponibilizada pela ESA, "o rególito foi moído, peneirado, misturado com um agente aglutinante que reage à luz, depositada camada por camada e depois endurecido pela exposição à luz. A parte impressa resultante é então cozida num forno para a tornar sólida".

Ou seja, os objetos usados na construção, reparação e substituição nas futuras bases espaciais podem utilizar a tecnologia usada nas fábricas de cerâmica e porcelana.

Amostras de rocha lunar (rególitos) recolhidas na missão Apollo 11. Créditos: NASA/DR

Todo este processo encontra-se ainda em fase experimental e muitos testes terão de ser realizados. Em atenção, esses fatores como resistência, durabilidade e eficiência que são fundamentais para o êxito das funções a que são sujeitas.

De futuro, os astronautas poderão solucionar imediatamente pequenos problemas, como por exemplo imprimir uma dobradiça para uma pequena caixa ou para uma porta, eliminando tempo de espera que seria fabricar o material na Terra e o seu envio para o espaço.

No universo de impressão regolith a solução é muito mais direta. Basta informar a impressora de desenho 3D do objeto em concreto, imprimir e depois levar ao forno.

A ser uma realidade, os primeiros objetos a imprimir na Lua até podem ser um serviço completo de mesa feito exclusivamente de cerâmica de pó lunar.
pub