Facebook condenado por roubo de propriedade intelectual

por RTP
Fabrizio Bensch - Reuters

O tribunal de Dallas, nos Estado norte-americano do Texas, ordenou que o Facebook desembolsasse 500 milhões de dólares à ZeniMax pelo roubo de propriedade inteletual. Em causa está o desenvolvimento dos óculos de realidade virtual Rift.

A queixa partiu da ZeniMax Media Inc., uma empresa norte-americana que detém alguns dos estúdios de videojogos mais influentes da atualidade, como a id Software.

No banco dos réus esteve o Facebook, que em março de 2014 adquiriu a Oculus. De acordo com a ZeniMax, a Oculus apoderou-se ilegalmente de propriedade intelectual que pertencia aos seus estúdios. Tecnologia que depois usou no desenvolvimento de um protótipo de óculos de realidade virtual.



O material de prova apresentado em tribunal consubstancia o roubo de segredos comerciais. Um exemplo é a utilização de um código tecnológico da id Software, que terá concorrido para o upgrade dos Rift.Decisão final
Após três semanas de julgamento, o juiz do tribunal de Dallas decidiu a favor da ZeniMax. "A ideia de que os produtos da Oculus são baseados na tecnologia de outras pessoas é simplesmente errada", referiu Mark Zuckerberg durante o julgamento.

A justiça norte-americana concluiu que a Oculus, propriedade do Facebook desde 2014, utilizou um código confidencial da id Software para lançar o protótipo dos óculos de realidade virtual. Após a divulgação da sentença, a Oculus expressou-se "desapontada com a decisão".

"Satisfaz-nos que o tribunal distrital dos Estados Unidos tenha concedido à ZeniMax 500 milhões de dólares pela infração ilegal e uso dos nossos direitos de autor e marcas registadas por parte do acusado", referiu o presidente executivo da ZeniMax, Robert Altman.

O Facebook ainda não comentou a decisão do tribunal.
Sucessão de acontecimentos
Em 2012, na Electronic Entertainment Expo, um dos maiores eventos de videojogos do mundo, em Los Angeles, o fundador da Oculus, Palmer Luckey, decidiu apresentar à porta fechada os óculos Rift.

Para exibir as potencialidades do protótipo, Luckey contactou com John Carmack, criador do jogo Doom 3 e engenheiro da id Software. Um dos termos de confidencialidade comprometia Luckey a não utilizar tecnologia da ZeniMax para ganhar vantagem competitiva sobre a empresa.

Após a assinatura de um acordo de confidencialidade, Carmack auxiliou Luckey no projeto de demonstração do novo equipamento, utilizando material de estúdio da ZeniMax.  

Após o evento, o fundador da Oculus usou imagens do jogo Doom 3 no vídeo de promoção dos Rift, para uma campanha na Kickstarter (o maior site de financiamento coletivo do mundo), sem conhecimento da ZeniMax.

A empresa continuou a desenvolver o protótipo com os 2,3 milhões de dólares angariados.

Em janeiro de 2013, durante a Consumer Electronic Show, Luckey voltou a apresentar os óculos Rift, sem qualquer produto relacionado com a ZeniMax.



De acordo com a queixa em tribunal, a Oculus foi oficialmente fundada e iniciaram o recrutamento de funcionários. John Carmack abandonou a id Software e tornou-se diretor do departamento de tecnologia da nova empresa.

Segundo as alegações da ZeniMax, parte do "hardware e software especializado nos Rift pertence à sua empresa", além de "um enorme valor da propriedade intelectual". Em resposta, a Oculus defende que "não recebeu qualquer contributo da ZeniMax para o desenvolvimento tecnológico" do protótipo. 
Tópicos
pub