Estoril Open: João Domingues defende esperanças portuguesas nos ‘quartos’

por Lusa
José Sena Goulão - Lusa

O tenista português João Domingues, de 25 anos, carrega hoje as esperanças do ténis nacional poder continuar em ação nesta edição do Estoril Open, ao enfrentar o grego Stefanos Tsitsipas, primeiro cabeça de série do torneio.

Num embate agendado para o ‘court’ central do Clube de Ténis do Estoril, a partir das 13:00, o tenista natural de Oliveira de Azeméis, que se estreia na disputa de uns quartos de final de um torneio do circuito ATP, vai já efetuar o quinto encontro na prova, depois de superar o sueco Elias Ymer e o italiano Filippo Baldi no ‘qualifying’ e os australianos Alex de Minaur e John Millman na primeira ronda e oitavos de final, respetivamente.

João Domingues, número 214 do ‘ranking’, ficou com a missão ‘solitária’ da representação portuguesa, depois de o torneio ter assistido na quinta-feira à eliminação do campeão João Sousa aos pés de David Goffin, quarto pré-designado, pelos parciais de 6-3 e 6-2, num encontro referente à segunda ronda, com o belga a medir agora forças com o tunisino Malek Jaziri.

Para hoje, estão também reservados os outros encontros dos quartos de final, com destaque para o jogo do francês Gael Monfils, terceiro cabeça de série e 18.º da hierarquia mundial, que, depois de afastar na estreia o norte-americano Reilly Opelka, disputa a partir das 18:00 o acesso às meias-finais com o ‘qualifier’ espanhol Alejandro Davidovich Fokina.

A jornada de singulares fica fechada com a partida entre o uruguaio Pablo Cuevas, que chega a esta fase como ‘lucky loser’, e o norte-americano Frances Tiafoe, vice-campeão de 2018 e oitavo cabeça de série, que sofreu para superar o japonês Yoshihito Nishioka na ronda noturna de quinta-feira, naquele que foi o embate mais longo deste torneio, com duas horas e 25 minutos.

Por fim, realiza-se ainda primeira meia-final da variante de pares, que opõe no ‘court’ Cascais, após as 16:00, os britânicos Luke Bambridge e Jonny O’Mara aos espanhóis Gerard Granollers e Marc Lopez.

Estoril Open: João Domingues ‘assina’ com treinador de ex-número um mundial
O tenista português João Domingues está a assinalar da melhor maneira a sua parceria com o treinador brasileiro Larri Passos, antigo treinador de Gustavo Kuerten, ao marcar presença nos quartos de final do Estoril Open.

Foi já na presença de Larri Passos que João Domingues alcançou o apuramento para os quartos de final do Estoril Open, a primeira vez no torneio luso e mesmo num torneio ATP. A parceria iniciou-se oficialmente esta semana no Clube de Ténis do Estoril.

João Domingues, natural de Oliveira de Azeméis, abdicou do curso de arquitetura na Faculdade de Arquitetura do Porto, onde entrou com média de 17 valores, para investir no ténis, em 2013. Progrediu e atingiu o 214.º lugar do ‘ranking’ mundial.

Mas, aos 25 anos, ambiciona mais e, perante a oportunidade de trabalhar com Larri Passos, treinador que conduziu Gustavo Kuerten a número um do mundo e à conquista de três títulos do 'Grand Slam', em Roland Garros (1997, 2000 e 2001), não hesitou.

O primeiro contacto aconteceu por via do também brasileiro André Podalka, treinador de base de João Domingues e amigo de Passos. O estreitar de relações surgiu há um ano, quando o número três nacional disputou os ATP de Buenos Aires, do Rio de Janeiro e de São Paulo.

“Viajei com ele e adorei. O Larri também gostou de mim e ficou interessado em trabalhar comigo. Mantivemos o contacto e agora encontrámos um equilíbrio para trabalharmos juntos. Será um elemento fundamental”, avançou Domingues, que recebeu esta semana o brasileiro na sua equipa técnica, constituída por André Podalka, João Antunes, Danyal Sualehe e o preparador físico João Peralta.

Se o vasto palmarés impressionou, até porque pegou em ‘Guga’ aos 14 anos e levou-o igualmente à vitória no Masters de Lisboa, em 2000, João Domingues garante que sua a personalidade não deixou de ser menos cativante.

“Tem uma personalidade forte, carismática e eu dou-me bem com isso. Motivacionalmente é muito bom, além de toda a experiência e tudo o que conquistou. Tem uma bagagem extremamente larga e, com isso, uma energia muito boa. A química e a relação que nós tivemos, bem como a forma como ele se expressou, para aquilo que preciso de fazer, enquadra-se muito bem na minha forma de ser”, contou.

O talento e a personalidade afável de João Domingues não passaram também despercebidos e Larri Passos não poupa nos elogios.

“É talentoso, joga com o coração e combina com a minha filosofia. É preciso trabalhar duro e saber lidar com as situações de tensão com alegria. O João não faz muitos ‘winners’, tem de jogar de igual para igual e construir os pontos. Estamos a trabalhar nisso e em ganhar mais o ‘court’. Mas já sobe mais à rede, acelera mais as pancadas e tem evoluído bastante”, destacou.

Além de ser “uma experiência muito boa, devido à conexão e energia muito positiva”, Passos diz estar empenhado em trabalhar numa evolução mental do campeão nacional de 2011, assim como na técnica.

“O João precisa de acreditar que pode vencer um ‘top-10’. Aos 25 anos, está na idade da maturação e nós precisamos de ter uma cultura vencedora”, acrescentou.

A base de treinos desta nova parceria será tripartida entre Portugal, Brasil e Estados Unidos, onde Larri Passos reside, embora o número de semanas de trabalho em conjunto ainda não esteja definido. Certas são as ambições que estão em sintonia.

“Quero ser a minha melhor versão possível e atingir os meus objetivos e da minha equipa técnica. Acredito que o Larri pode levar-me onde quero [‘top-100’], ser mais constante e aumentar os meus níveis tenísticos e de confiança”, revelou João Domingues.

Já Larri Passos, descendente de portugueses, não poderia estar mais de acordo: “Pode estar entre os melhores do mundo. Se peguei no Guga, aos 14 anos quando ninguém o conhecia, e levei-o a número um, porque é que o João Domingues ou o João Sousa não podem estar entre os melhores do mundo?”
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