Johnny Depp — uma história de mãos delicadas e magia cinematográfica

5 Abr 2015 19:39

Tim Burton é um cineasta que sempre filmou personagens marcadas por uma desconcertante, por vezes comovente, vulnerabilidade. Veja-se, por exemplo, o caso de Margaret Keane, a pintora cujos trabalhos são apresentados pelo marido como se fossem dele, e não dela, retratada no mais recente filme de Burton, "Olhos Grandes" — "Eduardo Mãos de Tesoura" é, obviamente, um dos seus antepassados.

Este foi o filme que Tim Burton fez depois de ter adquirido uma posição sólida no interior da indústria de Hollywood. Dito de outro modo: foi o primeiro filme que dirigiu depois do enorme sucesso de "Batman", em 1989. "Eduardo Mãos de Tesoura" surgiu em 1990 e conta a história agridoce de um jovem que foi concebido artificialmente pelo seu criador, tendo ficado incabado: as suas mãos, em vez de dedos, têm lâminas de tesoura.

A interpretação de Johnny Depp, na figura de Eduardo Mãos de Tesoura, constitui, por certo, um dos seus mais sofisticados trabalhos. Tratava-se de representar um ser cuja estranheza lhe coloca problemas nas relações com os outros. Mais do que um retrato burlesco, esta é uma parábola poética sobre as diferenças de identidade — e também as singularidades de cada corpo.

Johnny Depp acabaria por tornar-se uma figura central do cinema de Tim Burton. O filme reúne-o com Winona Ryder e Dianne Weist, e ainda o veterano Vincent Price, precisamente no papel do Inventor que cria a figura de Eduardo Mãos de Pesoura. Além do mais, a música tem assinatura do compositor cuja sonoridade acabou por se confundir com a magia do mundo de Tim Burton — é ele Danny Elfman.

  • cinemaxeditor
  • 5 Abr 2015 19:39

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