A homenagem de Laurie Anderson a Lou Reed
A relação de Laurie Anderson com Lolabelle inspira "Heart of a Dog".

VENEZA 2015: "HEART OF A DOG"  

A homenagem de Laurie Anderson a Lou Reed

A artista multimédia reflete sobre o medo, a liberdade e a morte. Um filme sensível e poético que se destaca na competição de Veneza

Os fantasmas assombram Laurie Anderson de forma positiva. A artista retomou a realização, 29 anos depois de "Home of a Brave", o seu filme concerto, para refletir sobre a perda da sua cadela Lolabelle.

"Heart of a Dog" retoma essa relação especial evocando as memórias finais de uma elegante rat terrier: a sua capacidade para apreender palavras (cerca de 500, segundo diz Laurie Anderson), os exercícios de pintura e a aprendizagem de piano – a artista chegou a desenvolver música para cães que apresentou com Lou Reed num concerto na Ópera de Sidney.

Laurie Anderson alarga a sua reflexão encontrando pretextos para refletir sobre a liberdade e o medo, sobretudo acerca do modo como a sociedade mudou nos últimos 15 anos, desde os atentados de 11 de setembro.

Num registo mais íntimo recorda também episódios da sua infância. As memórias permitem-lhe enriquecer reflexões sobre a relação entre o amor e a morte, meditando em torno dos princípios budistas eternizados no "Livro Tibetano dos Mortos."

Laurie Anderson ilustra as suas reflexões com vídeos de cenas familiares registadas em super 8, sequências de animação que a artista concebeu, e imagens contemporâneas editadas de forma muito poética e elegante. O efeito emotivo do filme é acentuado por uma elegante banda sonora que Laurie Anderson compôs para violoncelo.

A morte de Lolabelle é o pretexto para Laurie Anderson assumir esta reflexão filosófica. Mas através do filme, Laurie Anderson também relembra o espírito de Lou Reed, o amado marido, que morreu recentemente, em 2013. Ele nunca é mencionado durante o filme, mas é recordado no segmento final através de uma foto sua a ilustrar o tema "Turning Time Around".



"Heart of a Dog" é um documentário biográfico, e uma reflexão íntima que demonstra a versatilidade de uma artista multimédia. O filme terá um lançamento restrito nos Estados Unidos e será exibido no canal televisivo HBO em 2016.

A sua distribuição poderá ser mais alargada se o filme for premiado em Veneza, o que não é de excluir.

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publicado 23:30 - 09 setembro '15

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