Bilheteira de “Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis” dá alguma esperança ao cinema em sala

A grande diferença entre "Shang-Shi" e "Viúva Negra" prende-se com a estratégia de lançamento. O filme com Scarlett Johansson estreou, em simultâneo, nas salas e no streaming (com custo adicional à subscrição). A aventura protagonizada por Simu Liu tem uma janela exclusiva nos cinemas de 45 dias.

Após semanas de fracos resultados e com a ameaça da variante Delta nas bocas de todos, estes números do mercado conjunto formado por EUA e Canadá, permitem tirar, desde logo, duas ideias. Por um lado, injeta esperança nos exibidores de cinema em sala, minados por encerramentos compulsivos durante os confinamentos, pelas limitações que ainda duram, e pelo aparecimento em força do streaming. Por outro, reforça a ideia de que a poeira continua longe de assentar na indústria cinematográfica, com este fenómeno de ver um recorde estilhaçado por larga margem numa altura que costumava ser das mais fracas do ano. Ou seja, desenganem-se os que pensam que a vitória do streaming é total e duradoura, e desapontem-se os que cantam o regresso do cinema em sala às condições anteriores. Ninguém sabe o que aí vem e os estúdios serão prudentes em não colocar já todos os ovos no mesmo cesto.

A China, já se sabe, ainda não deu autorização para a estreia de "Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis", um rombo significativo nas contas finais da Disney que contaria com a forte contribuição do segundo maior mercado mundial, ainda por cima num filme com um elenco asiático. Outras duas produções da Marvel, "Viúva Negra" e "The Eternals" também estão em dúvida numa altura em que o governo chinês dá sinais de querer aumentar o controlo sobre o consumo de cultura e entretenimento no país. Menos cinema ocidental tem chegado às salas do gigante asiático e ainda há poucos dias foram anunciadas medidas para limitar o consumo de jogos eletrónicos pelos jovens e novas regras para a televisão que incluíam particularidades como eliminar "homens efeminados" das transmissões.