Michael Fassbender interpretando Steve Jobs — a caminho de um Oscar?


joao lopes
12 Nov 2015 0:33

Será desta vez que Michael Fassbender vai ganhar um Oscar?… A pergunta envolve aquilo que parece ser uma certeza: a sua composição central no filme "Steve Jobs", de tão fulgurante e subtil, vai valer-lhe, no mínimo, uma nomeação para melhor actor.

Enfim, não simplifiquemos: um filme não se faz apenas de uma interpretação… E no caso de "Steve Jobs", dirigido com exemplar sobriedade por Danny Boyle, importa destacar outra contribuição decisiva. A saber: o argumento assinado por Aaron Sorkin (vencedor, em 2011, de um Oscar de melhor argumento adaptado por "A Rede Social", de David Fincher).
Sorkin inspirou-se na biografia escrita por Walter Isaacson para arquitectuar uma estrutura tripartida: descobrimos Jobs em momentos emblemáticos do seu trabalho na Apple (ou contra a Apple…), lançando produtos que, em 1984, 1988 e 1998, definiram as suas ideias e estratégias na evolução dos computadores.
Não é uma biografia "técnica", muito menos um panfleto ("pró" ou "contra", seria igualmente maniqueísta). É, isso sim, um trabalho minucioso através do qual o cinema (re)descobre o gosto de iluminar uma personagem riquíssima, fascinante, plena de contrastes e contradições — o esplendor da dramaturgia clássica não precisa de acumular efeitos especiais…
A presença de outros magníficos actores, a começar por Kate Winslet (no papel de Joanna Hoffman), constitui um trunfo decisivo num filme que, afinal, revaloriza o mais simples e o mais complexo. A saber: a possibilidade de expor a natureza humana como uma entidade que envolve tanto de revelação como de ocultação — para Sorkin, isso faz-se, antes de tudo o mais, através do poder único das palavras.

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