Nem romantismo, nem fantástico
Mame Bineta Sane: no centro de uma história romântica, a tender para o fantástico

Cannes 2019  

Nem romantismo, nem fantástico

A actriz francesa Mati Diop estreia-se na longa-metragem de ficção com "Atlantique", uma história romântica que tenta integrar elementos mais ou menos fantásticos — a combinação não resulta...

Infelizmente, não há muito a dizer sobre um filme como "Atlantique", realizado pela actriz francesa Mati Diop. Aliás, mesmo tendo em conta todas as ambivalências subjectivas, creio que podemos dizer que estamos perante um daqueles títulos que justifica uma velha dúvida: porque é alguns outros excelentes filmes (p. ex., "Bull", primeira longa-metragem da americana Annie Silverstein) não surgem na secção competitiva?

Trata-se de contar uma história senegalesa, começando por envolver alguns operários a trabalhar num gigantesco edifício de Dakar: depois de três meses sem receberem salário, decidem abandonar o país... Entre eles está Souleiman (Ibrahim Traore), apaixonado por Ada (Mame Bineta Sane), por sua vez prometida a outro homem...

Crónica social? Vertigem romântica? Deriva fantástica? O filme tenta combinar todas essas vertentes, apostando mesmo em confrontar Ada com o "fantasma" de Souleiman. O certo é que, para além da indefinição dos espaços (com uma câmara "ligeira", dispensando grandes rigores de composição), as várias componentes narrativas apresentam-se desgarradas, no limite, arbitrárias — boa permissa, mau filme.

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publicado 01:30 - 17 maio '19

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