25 Out 2021 16:12
Quinta-feira, 21 de outubro, Rancho Bonanza Creek, nos arredores de Santa Fé, estado norte-americano do Novo México, na zona sudoeste do país. Alec Baldwin recebe um revólver idêntico aos usados em finais do século XIX das mãos do assistente de realização, Dave Halls, um homem com 20 anos de experiência no cinema. Foi-lhe dito que a arma está "fria", ou seja, não contém nenhum tipo de munição.
Estão a ensaiar uma cena do western "Rust", uma produção de orçamento limitado, criada fora das estruturas dos grandes estúdios. O ator saca o revólver do coldre e aponta-o à câmara, a arma dispara.

Halyna Hutchins, diretora de fotografia, de 42 anos, é atingida no peito e cai por terra. Transportada de helicóptero para um hospital no Novo México, acabou por morrer. Joel Souza, realizador, sofreu ferimentos ligeiros. Teve alta do hospital após tratamento.

Estes são os factos que constam dos depoimentos oficiais das testemunhas, recolhidos sob juramento pelas autoridades, divulgados domingo e citados pela Reuters.

O revólver usado por Baldwin fora preparado por Hannah Gutierrez Reed, 24 anos, a responsável pelas armas e munições usadas nas filmagens. Tinha-o colocado sobre um carrinho com duas outras armas. Foi ela que recebeu a arma após o disparo e recolheu o cartucho gasto, antes de o entregar à polícia, afirma ainda o relatório oficial, citado pela AFP.

Até agora, ninguém foi detido ou acusado em relação ao caso. A polícia de Santa Fé prossegue a investigação.

Emoções protestos e acusações

Alec Baldwin, 63 anos, protagonista de "Rust" e também um dos produtores do filme, declarou-se "chocado" e "triste" com o sucedido. Foi fotografado sábado, no exterior de um hotel em Santa Fé enquanto abraçava e falava com Matt Hutchins, o marido de Halyna Hutchins, e o filho de ambos, de nove anos.

Em redor da tragédia, sucedem-se queixas e denúncias sobre problemas financeiros, alegada falta de condições de segurança e ausência de profissionalismo no set de "Rust".

Reid Russel, operador de câmara que assistiu ao acidente, afirma que seis membros da equipa abandonaram o local pouco antes do disparo, em protesto contra problemas com pagamentos e alojamento.

O chefe dos eletricistas, Serge Svetnoy, escreveu domingo numa rede social que culpava a "negligência e falta de profissionalismo" pela morte ocorrida.

Em declarações à NBC News, Maggie Goll, fabricante de adereços, acusou Dave Halls, o assistente de realização de "Rust", de "permitir práticas inseguras nas rodagens" e de "não criar um ambiente de trabalho seguro", referindo bloqueio de saídas de incêndio, ou a falta de reuniões de segurança.

O Los Angeles Times refere que, há mais de uma semana, o duplo de Baldwin disparou duas munições acidentalmente, também após lhe ter sido dito que a arma estava "fria", tal como no dia do acidente que matou Hutchins.

Fontes não identificadas da produção adiantaram ao TMZ.com que a arma usada por Baldwin foi anteriormente utilizada por elementos da equipa para a prática de tiro ao alvo, com munições reais. Estas informações carecem de confirmação por parte das autoridades.

Por fim, a Rust Movie Productions, empresa criada para a produção do filme, afirmou não ter conhecimento de "queixas oficiais relativas à segurança das armas, ou adereços no local", mas acrescentou que irá efetuar uma revisão interna dos procedimentos.

Outro tipo de reações ao caso prendem-se com os apelos para banir por completo armas e munições (reais, ou de pólvora seca), dos locais de filmagem.

Existe uma petição online, lançada pelo realizador e argumentista Bandar Albuliwi, que contava com mais de 15 mil assinaturas. Afirma, Albuliwi que "em pleno século XXI, não há justificação para acontecer algo deste género".

A série policial "The Rookie", rodada em Los Angeles, adiantou-se e, no rescaldo da tragédia, decidiu proibir todas as armas reais no set, uma medida que entrou imediatamente em vigor, de acordo com o The Hollywood Reporter.

  • CINEMAX com agências
  • 25 Out 2021 16:12

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