Cannes 2016  

A inglesa Andrea Arnold foi aos EUA para rodar "American Honey", presente na seccao competitiva de Cannes: dir-se-ia uma tentativa de retratar um grupo de jovens a deriva como se se tratasse de um "Easy Rider" para os nossos dias.

Trailer/Cartaz/Sinopse:

 

American Honey Uma adolescente foge de casa com um grupo que vende subscrições de uma revista de viagens através da América.

Sera possivel revisitar a heranca de "Easy Rider" (1969) e, por assim dizer, fazer um "Easy Rider" para o nosso seculo XXI? A pergunta, convenhamos, e muito interessante. E importa reconhecer que a cineasta inglesa Andrea Arnold arriscou, pelo menos, formula-la.

"American Honey" levou-a aos EUA para filmar a odisseia de um grupo de jovens que vivem, de terra em terra, num tribalismo tecido de muitas angustias, sobrevivendo atraves da venda ao domicilio de assinaturas de revistas. Dir-se-ia que estamos perante uma existencia de horizontes abertos (as paisagens naturais assim o sugerem) e, ao mesmo tempo, sem sentido nem objectivo -- "on the road" para o nosso seculo?...

O filme apoia-se, sobretudo, num cast disponivel para a errancia e o improviso (com destaque para a estreante Sasha Lane e ainda Shia Labeouf), integrando tambem um conjunto de cancoes que, por assim dizer, definem o espirito da epoca. Ao mesmo tempo, dir-se-ia que o retrato de uma vida a deriva nao se consegue, obrigatoriamente, atraves de uma narrativa a deriva e, nao poucas vezes, auto-complacente.

Dito isto, talvez seja importante referir que "American Honey" tera sido dos filmes de Cannes/2016 que, pelo menos ate agora, suscitaram reaccoes mais desencontradas. E se a variedade de pontos de vista for um sintoma das diferencas internas do proprio juri, talvez nao seja arriscado prever que, de uma maneira ou de outra, surgira no palmares.